O PSD alegou hoje que, 40 anos após o 25 de Abril, Portugal está a libertar-se «de uma ditadura diferente», da asfixia financeira, enquanto o CDS-PP sustentou que o país está prestes a «resgatar a liberdade».
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Na sessão comemorativa dos 40 anos do 25 de Abril na Assembleia da República, os dois partidos da coligação no Governo assinalaram o aproximar da conclusão do atual programa de resgate e apelaram à formação de compromissos num «novo ciclo» de um «Portugal renovado».
Na sua intervenção, o deputado do CDS-PP Filipe Lobo d'Ávila, considerou que é altura de, «progressivamente, começar a corrigir as injustiças que o tempo do resgate causou» e apontou a «moderação fiscal» como uma necessidade, antes de defender a abertura de um «ciclo de compromisso».
Por sua vez, o líder parlamentar do PSD, Luís Montenegro, apelou à «convergência na diversidade» e dirigiu-se em especial ao PS, argumentando que «numa democracia madura nunca há 'divergências insanáveis' quando dois portugueses ou dois partidos debatem o futuro do país».
Segundo Luís Montenegro, cabe aos agentes políticos «estabelecer compromissos» em «questões essenciais» como «o funcionamento do sistema político ou a reforma do Estado».
Na sua intervenção, o líder parlamentar do PSD apontou «os desequilíbrios orçamentais, a asfixia financeira, a ilusão económica, a insustentabilidade do Estado social e a oneração exagerada das futuras gerações» como «a ditadura dos dias de hoje, uma ditadura diferente, mas que onera a soberania».
Luís Montenegro afirmou que, «mais do que lembrar Abril», os sociais-democratas querem «ser coautores de um Portugal renovado» sem mais resgates, sem 'troikas', sem «sacrifícios-bruscos», sem «esforços-limite" e sem "mais austeridade de emergência».
Esse «Portugal renovado» não tem «obras públicas desgarradas», nem «despesismo», nem «cristalização de serviços inúteis» no Estado, disse.
«Reformamos o Estado, mas garantimos o Estado social, o acesso ao Serviço Nacional de Saúde, à educação, à justiça», ressalvou, acrescentando: «No Portugal renovado, podemos divergir dos modelos ou das opções, mas temos a obrigação de afastar incertezas e inseguranças no sistema de segurança social e de pensões, e temos de garantir a sua sustentabilidade».
No final do seu discurso, o social-democrata referiu-se aos militares de Abril como "heróis" que "rasgaram o futuro".
Antes, Filipe Lobo d'Ávila tinha declarado que nesta sessão solene estava "presente a memória dos militares que tornaram o 25 de Abril possível, sem derramamento de sangue".
O deputado do CDS-PP declarou que o 25 de Abril não tem donos e fez questão de mencionar o 25 de novembro como a data que confirmou «a liberdade de todos e para todos».
Depois, falou da conclusão do atual programa de resgate, sustentando: «Estamos a poucas semanas de recuperar, com dignidade, com muito esforço e sacrifícios, a parcela de soberania que a dívida nos tirou. Terminar a exceção é resgatar a nossa liberdade».
Segundo o deputado do CDS-PP, Portugal está em «viragem para um ciclo de crescimento», tem "as contas públicas mais equilibradas", e exige-se «uma nova atitude» que evite mais «tempos de aflição» e garanta a «independência» do país.
«Depois deste tempo de emergência, tenhamos a inteligência de abrir um ciclo de compromisso. Um ciclo de compromisso sobre como garantir a sustentabilidade das nossas políticas públicas, um ciclo de compromisso sobre como reformar o Estado social para o preservar e defender. Um ciclo de compromisso sobre como desenvolver as políticas que fomentem mais crescimento económico, mais emprego e mais natalidade», pediu.