"A esperança é mais forte do que a preocupação." A mensagem de Natal de Marcelo
Marcelo Rebelo de Sousa, deixou, esta manhã de Natal, uma mensagem de preocupação e de esperança para com o futuro de Portugal e do mundo.
Corpo do artigo
Num texto assinado pelo próprio, publicado na edição do Jornal de Notícias deste dia 25 , o Presidente da República enumerou os vários sinais alarmantes que observa na atualidade, mas também os motivos que o fazem ter confiança em mudanças positivas.
"Continuam ou multiplicam-se, no Mundo, sinais que não são boa notícia nem para a paz, nem para o diálogo, nem para a convivência entre pessoas, povos, culturas e civilizações", começou por expor Marcelo Rebelo de Sousa, apontando "a permanência de desigualdades, de miséria, de guerra, de instabilidade política, social e económica", que provocam "mais migrações e mais refugiados".
Numa discreta, mas clara, crítica a Donald Trump, Marcelo criticou também "a insensibilidade de alguns, com muito peso internacional, perante os desafios das alterações climáticas" e a "tensão entre potências relativamente ao comércio universal, bem como a tendência para o unilateralismo".
Quanto ao cenário nacional, o Presidente da República afirmou como preocupante "a concentração do debate público em pontos específicos, mais formais do que substanciais, mais conjunturais do que estruturais" e "à sensação difusa de que o dia-a-dia deve prevalecer sobre os horizontes de médio e longo prazo na perceção social de muitos".
Também a comunicação social não escapou aos sinais de alarme indicados por Marcelo Rebelo de Sousa, que fala numa "situação crítica", que incentiva a " instabilidade", "de preferência pelo imediatismo, de potenciação do efémero em detrimento do fundamental."
Apesar da preocupação, o Presidente da República fez questão de sublinhar a esperança que se impõe: "A esperança existe e permite mobilizar, mesmo quando a preocupação se manifesta."
TSF\audio\2019\12\noticias\25\rui_silva_07_h
Marcelo Rebelo de Sousa diz ter ainda esperança no mundo, porque "continua a luta (...) pela dignidade da pessoa humana, a saga dos que batalham pela paz, pela justiça, pelos direitos humanos, pelo Direito Internacional, pelo diálogo, a convergência, o entendimento." Esperança também porque há ainda quem pense "nas gerações futuras" não desista "perante a negação da evidência ou a frouxidão perante as alterações climáticas" e porque as "potências em guerra comercial (...) admitem, ao menos por um momento, que tréguas se impõem".
O Presidente manifestou também esperança na Europa, porque "a saída do Reino Unido se fará com acordo e não, como tantos defendiam, sem ele" e porque as últimas eleições europeias revelaram ainda forma de "retirar argumentos aos antieuropeus".
E, por último, a "esperança em Portugal". "Entre nós, o bom senso, a experiência de muito passado e do que nele se viveu e o apelo de mais e melhor apontam para olhar mais alto e mais longe e cuidar de evitar injustiças, desigualdades, omissões, atrasos e displicências que criem o caldo para o enfraquecimento de pilares basilares de uma Democracia viva e de futuro", disse o Presidente da República.
Em jeito de conclusão, Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que este é "um Natal com razões para se estar atento, muito atento e disponível para agir, mas, por igual, com razões para se ter esperança".
"Porque a esperança é mais forte do que a preocupação - como é, aliás, próprio do Natal -, o que desejo a todos e a cada um (...) é um Natal Feliz", declarou. "É pela esperança que vamos, que temos de ir neste final de 2019!"