Para o histórico socialista as eleições em França e na Grécia traduzem-se numa clara derrota da política de austeridade de Angela Merkel, a que os eleitores dos dois países puseram fim.
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No rescaldo das eleições em França e na Grécia, Manuel Alegre afirmou, em declarações à TSF, que «o que se acabou foi esta hegemonia ideológica e cultural que tem este pensamento único, esta ideia de que só há um caminho, de que a austeridade é uma fatalidade e que não há outras soluções, (...) como se houvesse um estado maior e ideológico a fazer-nos uma lavagem ao cérebro. Isso acabou».
O histórico socialista acredita que os gregos deram um grito de revolta mais do que justo.
«Significa um castigo desta política absurda e do desprezo e da arrogância com que a Grécia, que é, não esqueçamos, um berço da nossa democracia, foi tratada pela Europa. Portanto é uma resposta a essa política de austeridade e a essa arrogância. Ninguém gosta de ser tratado assim. Os gregos têm um forte sentimento patriótico, um forte sentimento nacional, conscientes da sua história, do papel que tiveram na Europa», considerou.
Assim sendo, acrescentou Alegre, «foram duramente castigados os partidos do arco do governo, com alguma injustiça para o PASOK porque o principalmente responsável daquele descalabro financeiro foi a Nova Democracia, e agora há forças políticas novas portanto é uma situação um pouco embrincada [mas] há sempre soluções em democracia».
Já sobre as eleições francesas, marcadas por o que diz ser uma vitória significativa dos socialistas, Manuel Alegre diz que «quebra o eixo Merkel/Sarkozy e implica uma grande viragem na França, mas também uma vontade de mudança na Europa».
«Aliás isso foi dito no discurso de François Hollande. Ou seja, a França, é a França, não há Europa sem a França, portanto aquilo que até agora se estava a verificar, que era uma espécie de imposição de políticas por parte da senhora Merkel, sofreu uma grande derrota. [E isso] deve obrigar os políticos, nomeadamente os nossos, a refletir», afirmou.
Manuel Alegre defendeu que esta mudança «pode vir a ser um momento histórico não só para a França como para a Europa».