O ministro Aguiar-Branco disse, esta tarde, que algumas associações de militares usaram o descontentamento para fazerem politica numa área onde esta não devia ter lugar.
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Numa intervenção durante um almoço promovido pela revista Segurança e Defesa, onde foi o orador convidado, Aguiar-Branco teceu várias críticas a alguns protagonistas do associativismo militar, referindo-se implicitamente à Associação Nacional de Sargentos, e deixou um apelo, neste caso sem especificar o destinatário: «Deixem o que é militar aos militares, às Associações o que é das Associações e à política o que é da política».
O ministro da Defesa acrescentou que em causa não está a legitimidade do protesto, mas sim a banalização do mesmo, ou seja, usar o descontentamento militar como forma de intervenção pública e partidária. Aguiar-Branco deixou ainda um aviso.
«Deixem-me ser implacável na objectividade, um militar não é um funcionário público».
«Ser militar não é uma profissão como as outras, não é um emprego como os outros, ser militar não é sequer carreira com progressão automática ou com as regras que conhecemos lá fora, ser militar é servir o país em armas, por mais duro, por mais trabalhoso, por mais difícil que seja, ser militar é uma vocação, que ninguém tenha dúvida alguma sobre isso. Deixem ainda ser mais claro: se algum destes homens não sente a vocação, está no sítio errado», afirmou
Para o presidente da Associação Nacional de Sargentos, o ministro esquece que os militares salvaguardam, no limite até à morte, os direitos dos cidadãos, nomeadamente do ministro. Por isso, Lima Coelho lamentou o que ouviu.
«Triste porque aqueles de quem esperamos que haja um tratamento leal e fortal, como nos disse o ministro, não o estão a fazer. Não é a primeira vez que em cerimónias públicas o senhor ministro usa este tipo de linguagem», lamentou.
«Obviamente que não vamos discutir o que é ou deixa de ser a vocação. Porque quem serve nas Forças Armadas uma vida inteira e tem a consciência que, se necessário, terá que morrer para defender os direitos constitucionais do senhor ministro também, não reagirá a este tipo de questões», vincou Lima Coelho.