O líder do BE acusou hoje o Presidente da República de se ter esquecido do seu discurso de «há um ano» em que falou sobre o limite para os sacrifícios, quando atualmente os portugueses vivem uma situação «insuportável».
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«Há um ano o Presidente da República afirmou, e nisso tinha certamente razão, que os portugueses já não podiam suportar mais sacrifícios, um ano depois não se lembrou das suas palavras, mas os portugueses, quem trabalha, quem está desempregado, quem está pobre, quem paga mais pela eletricidade, pelo gás, pelos transportes, pela saúde ou pela educação, todos esses, sabem que os sacrifícios são insuportáveis», afirmou Francisco Louçã aos jornalistas nos Passos Perdidos, no final da sessão solene do 25 de Abril.
O Presidente da República considerou hoje «essencial» assegurar a coesão nacional, que exige um esforço permanente de diálogo e concertação entre o Governo, oposição e parceiros sociais, agora que «a verdade dos tempos difíceis é reconhecida por todos».
Na sua intervenção no Parlamento, Cavaco exortou ainda «todos os portugueses» a corrigir a falta de informação e a desinformação que diz existir no estrangeiro sobre Portugal, sublinhando que isso contribuirá para o crescimento da economia e a criação de emprego.
Num comentário ao discurso do Presidente da República, o coordenador bloquista considerou que as palavras «sobre a imagem de Portugal no estrangeiro podem ser certamente simpáticas», mas que é «surpreendente» que Cavaco «não se tenha lembrado do que disse há um ano atrás» quando «Portugal tem instalada uma 'troika' que decide sobre todos os sacrifícios».
«Portugal precisa de discursos positivos, de mobilização, de compromisso e responsabilidade, positivo é o que falta ao nosso país, mas temos hoje uma elite que impõe sacrifícios e que permite favorecimentos», criticou.
Neste contexto, Louçã disse que «quem organizou o resgate da 'troika', as condições para o aumento dos impostos, a diminuição dos salários ou o corte das pensões dos reformados também o organizou para si próprio», como se viu «em tantos casos tão chocantes os benefícios e os favorecimentos das vantagens, das privatizações, das boas colocações».
Em seguida, o líder bloquista defendeu que é preciso «acabar com a austeridade violenta, cruel, que diminui a economia» e dar «respostas às pessoas».
«Proteger os mais pobres, precisamos de uma política para o emprego, da grandeza de usarmos o melhor que temos para todos os que precisam, é disso que se faz a democracia, a responsabilidade e a rutura com esta inevitabilidade triste», sustentou.