O patamar a atingir é ter "uma ocupação de unidades de cuidados intensivos abaixo das 200 camas e uma incidência acumulada a 14 dias abaixo dos 60 casos por 100 mil habitantes".
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Portugal deverá continuar com o nível de confinamento atual até meados de março, afirmou esta terça-feira a ministra da Saúde, indicando que o país continua com uma "incidência extremamente elevada" de novos casos de contágio pelo coronavírus.
"É bastante evidente que o atual confinamento tem que ser prolongado por mais tempo e, desde já durante o mês de fevereiro, e depois sujeito a uma avaliação, mas provavelmente por um período que os peritos hoje estimaram como 60 dias a contar do seu início", afirmou Marta Temido, após uma reunião virtual com especialistas no Infarmed, em Lisboa.
O patamar a atingir é ter "uma ocupação de unidades de cuidados intensivos abaixo das 200 camas e uma incidência acumulada a 14 dias abaixo dos 60 casos por 100 mil habitantes", declarou.
Confinamento foi como "tirar o pé do acelerador"
Esta manhã, na reunião do Infarmed, os especialistas confirmaram os efeitos do confinamento geral. Com o "confinamento leve", a partir de 22 de janeiro, houve uma descida da variação diária de casos por 100 mil habitantes. "Se mantivéssemos com este tipo de confinamento íamos ter um pico mais longe, mais alto e mais prolongado", notou Manuel Carmo Gomes.
Foi, por isso, "decisiva a adoção pelo Conselho de Ministros de medidas mais restritivas", defendeu também o especialista. "É como estar a conduzir um carro, levantar o pé do acelerador e o carro desacelera." A partir de 21 de janeiro verificou-se uma "descida abrupta dos casos de contágio em todas as idades".
Os epidemiologistas sustentaram que os modelos matemáticos plasmam a necessidade de manter as medidas de "confinamento" equivalentes a março/abril e o fecho das escolas durante dois meses para garantir a ocupação de camas em unidades de cuidados intensivos abaixo das 200 (até ao início de abril) e a taxa de incidência acumulada a 14 dias abaixo dos 60 casos por 100.000 habitantes.
A ministra da Saúde referiu depois, ao início da tarde, que o confinamento geral se deve prolongar em março, como foi recomendado pelos peritos ouvidos na reunião.
Questionada sobre eventuais alterações ao modelo de confinamento e levantamento gradual de restrições, afirmou que "terá que ser dirigida para um momento posterior", remetendo para as resoluções do Conselho de Ministros e os decretos do Presidente da República.
Marta Temido indicou que foi pedido aos peritos que cheguem a um consenso sobre "um critério base para reavaliar decisões de alargamento das medidas", reconhecendo que quanto a números de incidência, risco de transmissão e outros indicadores, "os peritos se têm pronunciado em sentidos nem sempre coincidentes".
"São matérias a que vamos voltar mais tarde", referiu.
Os números de novos casos diários têm "tendência para decrescer", mas "nada está adquirido", salientou Marta Temido, acrescentando que "quanto maior o confinamento, mais rápida será a redução do risco efetivo de transmissão".
O confinamento decretado a 15 de janeiro marcou o início do decréscimo do número de novos casos, "mais acentuado" a partir do agravamento das medidas e o fecho das escolas, no dia 21 de janeiro.
Embora "mais atrasada", verificou-se também a partir desse momento uma redução gradual do número de internamentos e de mortes atribuídas à Covid-19.
A ministra da Saúde referiu ainda que o confinamento teve impacto nas estimativas que o Instituto nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge fez sobre a possibilidade de, nesta altura, a variante mais contagiosa do SARS-CoV-2 descoberta no Reino Unido atingir 60% de prevalência, indicando que se conseguiu "reduzir a sua predominância".
Marta Temido indicou que o seu Ministério já pediu à Direção-geral da Saúde que reavalie os critérios para testagem de contactos com pessoas infetadas no sentido de qualquer contacto, independentemente do risco, poder ter acesso a um teste.
Em relação à vacinação, cuja primeira fase vai ser prolongada para abril, assumiu "dificuldades e constrangimentos".
"Todos sabemos que o número de vacinas contratadas pela Comissão [Europeia] é superior àquele que nos está a chegar", referiu, afirmando que Portugal, na presidência da União Europeia, dará "apoio à comissão para que os contratos realizados sejam cumpridos e as quantidades contratadas venham a ser entregues o mais brevemente possível".
A pandemia de Covid-19 provocou, pelo menos, 2.325.744 mortos no mundo, resultantes de mais de 106,4 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 14.557 pessoas dos 770.502 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
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