"Descaramento", "tretas", "não inspira confiança": A leitura da oposição dos discursos no Pontal
O PS defende que os discursos na Festa do Pontal no sábado à noite mostram uma coligação que "não pode inspirar a confiança dos portugueses". O Bloco de Esquerda considera os discursos um "enorme descaramento" e o PCP diz que apenas ouviu uma "sucessão de tretas".
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"Os discursos destas festas do PSD, agora com as artes decorativas do CDS, mostram uma coligação que não pode inspirar a confiança dos portugueses. Primeiro porque não fala a verdade sobre o passado recente e o presente do país e depois porque esconde deliberadamente as medidas que pretende tomar nos próximos quatro anos", afirmou o socialista Carlos César aos jornalistas, em Ponta Delgada.
Pedro Passos Coelho defendeu a necessidade de "um resultado politicamente inequívoco" nas próximas eleições, sublinhando a importância da estabilidade governativa. O presidente do PS está de acordo com a necessidade de um "resultado inequívoco", mas frisou que "a direita não tem mais por onde ir buscar o apoio aos portugueses", enquanto o PS apela "a todos os eleitores para que concentrem o seu voto neste partido centro-esquerda, o único que pode vencer estas eleições, substituir e alterar este caminho difícil e penoso" percorrido nos últimos anos.
O presidente do PS considerou que tanto Portas como Passos Coelho fizeram "discursos orientados para fazer oposição à oposição", nada dizendo sobre as medidas que a coligação pretende tomar se vencer as eleições legislativas.
"Esta coligação tem duas naturezas de medidas: fazer o mesmo que tem feito, ou seja, prolongar e acentuar em algumas componentes políticas de austeridade, agravar medidas como as que pretende na área da Segurança Social com a privatização de parte do sistema, diminuir em 600 milhões de euros o valor das pensões, fechar mais serviços públicos e tornando mais caro o Serviço Nacional de Saúde", afirmou.
Já o líder parlamentar do Bloco de Esquerda (BE), Pedro Filipe Soares, considera que "os dois discursos de Passos e Portas têm um enorme descaramento. A maioria parece querer fazer dos portugueses menos do que eles são e achar que eles não têm qualquer memória e que não se lembram das responsabilidades ao longo destes quatro anos".
Para Pedro Filipe Soares, é "um ato de dissimulação" a coligação PSD/CDS falar de estabilidade quando foi a maioria "quem mais instabilidade criou na vida das pessoas".
"Falar de confiança quando traíram a confiança das pessoas, ao fazer o contrário do que tinham prometido em campanha eleitoral, é a demonstração desse descaramento; e falar em vitória inequívoca da maioria é, de facto, achar que as pessoas passaram um pano quente sobre tudo o que se passou ao longo de quatro anos e que, com certeza, ninguém esquece", sustentou.
Antecipando que este é o prenúncio de uma derrota da maioria, já que é "um discurso que é repetido para mais quatro anos de austeridade e que não está à altura das necessidades do país", o líder parlamentar bloquista apontou as eleições legislativas de outubro como "a possibilidade de virar esta página negra".
O PCP defende que o comício do Pontal se caracterizou por uma "sucessão de tretas", nomeadamente sobre o país estar melhor, e salientou que o Governo "está inequivocamente derrotado".
"Este comício do Pontal não prima pela novidade, o que de facto o caracteriza é a sucessão de tretas, nomeadamente a ideia de que o país está melhor, a ideia de que é necessária a estabilidade deste Governo e desta política para que ele continue a melhorar. É falso, no entender do PCP, e precisa de ser denunciado e combatido", afirmou aos jornalistas Carlos Gonçalves, da comissão política do Partido Comunista, em Lisboa.
"O que resulta de uma forma mais clara deste comício do Pontal é exatamente a ideia de que o Governo está inequivocamente derrotado, a questão agora é tornar essa derrota numa derrota política da direita, numa derrota política do PSD, do CDS e também do Partido Socialista", apontou.