Estudiosos estrangeiros do 25 de Abril souberam da revolução através de familiares
Paul Christopher Manuel, professor numa universidade do Maryland, soube da Revolução dos Cravos através do avô. Já Josep Sanchez Cervelló, professor na Universidade de Terragona, teve conhecimento do 25 de Abril pelo pai.
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Dois autores de estudos feitos no estrangeiro sobre o 25 de Abril, hoje professores universitários, souberam da Revolução dos Cravos por histórias contadas por familiares.
Paul Christopher Manuel, professor de Ciência Política numa universidade do Estado norte-americano de Maryland, entende que o 25 de Abril «foi o início da famosa terceira onda da democracia».
Neto de um português, que emigrou para os EUA ainda no tempo da Monarquia, este professor disse ter ficado surpreendido pelo facto de Otelo Saraiva de Carvalho lhe ter confessado que «não queria matar os seus irmãos».
Josep Sanchez Cervelló, que teve conhecimento do 25 de Abril através do pai, um republicano que esteve preso durante a Guerra Civil de Espanha, diz que a Revolução dos Cravos foi uma janela aberta para a liberdade.
Este professor catalão lembra ainda que o 25 de Abril foi visto em Espanha como uma «grande esperança para o futuro do país para acabar com a tirania que tinha representado a ditadura de Franco».
«A revolução portuguesa foi muito preocupante para a oligarquia que dominava Espanha, entre outras coisas, porque viu que se nacionalizava a banca e se repartia a terra, que se fez a reforma agrária. Estavam abertos a uma abertura política desde que fossem eles a controlarem-na», acrescentou.
Este professor catedrático da História Contemporânea da Universidade de Terragona adiantou ainda que a «utopia é o motor da história, portanto se nos tivéssemos conformado com a escravidão continuaríamos a ser escravos».
«A Revolução dos Cravos foi um momento espetacular na história do país. Houve erros, mas não se pode pedir depois de uma ditadura de 48 anos que todas as coisas funcionem bem», concluiu.