Apesar da oposição dos advogados de defesa, o juiz presidente do processo Face Oculta admite aceitar que as novas escutas venham a fazer parte do processo.
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Tudo aponta para que o juiz presidente Raul Cordeiro venha a aceitar integrar as novas escutas no processo Face Oculta, por considerar que as escutas não transcritas dos autos podem ser ouvidas em julgamento desde que contribuam para o apuramento da verdade material e a boa decisão, sem prejuízo dos direitos dos arguidos.
Em causa está uma conversa telefónica de Cardoso dos Reis, director da CP, que falou com Armando Vara, mostrando-se preocupado com a sua eventual demissão. Nessa conversa, Armando Vara terá, alegadamente, garantido que falou com José Sócrates e que ele não será demitido.
A outra é uma conversa telefónica entre Armando Vara e Francisco Bandeira, presidente da CGD, sobre o negócio PT/TVI.
Com estas escutas, o procurador Marques Vital quer provar que Armando Vara fazia tráfico de influências.
Os advogados de defesa estão todos contra a incorporação das novas escutas no processo. Já os advogados assistentes da REFER, da REN e da Estradas de Portugal concordam com a audição das novas escutas.
Por isso, o juiz deu cinco dias aos advogados para ouvirem essas escutas. Após esse período, o juiz decide se as aceita, sendo provável que tal aconteça.
Armando Vara continua a ser interrogado esta quinta-feira e já reconheceu que pode ter falado no assunto REFER com o arguido Lopes Barreira na viagem para o célebre almoço na casa de Manuel Godinho em Ovar em Julho de 2009. Contudo, ainda na quarta-feira o ex-ministro negou esse facto.
O advogado de Armando Vara justificou esta nova declaração afirmando que Vara fez um exercício de honestidade intelectual tentando recordar-se dessa conversa com mais de dois anos.