Hospital de São João considera «hostil» fornecedora de medicamentos para hepatite C
O Centro Hospitalar de São João, no Porto decidiu considerar a Giled, uma empresa fornecedora de medicamentos, como empresa hostil. Em causa a venda de medicamentos para a hepatite C.
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O Centro Hospitalar de São João recebeu autorização do INFARMED para iniciar tratamento de quatro doentes com hepatite C através da compra de anti-virais à Giled, no entanto, e perante a inflexibilidade da empresa em baixar os preços, o Centro Hospitalar de São João decidiu que a partir de agora a Giled é uma fornecedora hostil e vai apresentar queixa às entidades responsáveis.
Em comunicado, o presidente do conselho de administração do Centro Hospitalar de São João, explica que tentou negociar com a Gilead o preço do sofosbuvi mas a empresa foi inflexível, fixando o preço inicialmente, em mais de 111 mil euros euro por doente e, posteriormente, baixou para cerca de 97 mil euros (ou seja, cerca de 16 mil euros por embalagem para um mês de tratamento).
O Centro Hospitalar de São João decidiu avançar com a encomenda ao preço mais baixo, mas declara a empresa Gilead como fornecedora hostil, proibindo qualquer tipo de contacto entre os seus serviços e esta empresa (com a exceção da emissão de notas de encomenda, receção dos produtos e respetivos pagamentos).
O outro anti-viral usado no tratamento de doentes com hepatite C, o daclatasvir, vai ser fornecido no âmbito de um programa de acesso específico da empresa que o comercializa e, portanto, a custo zero.
O Centro Hospitalar de São João sublinha que tendo em conta o preço determinado pela Gilead e uma vez que todos os doentes devem ser tratados, esta unidade precisaria de mais de 65,5 milhões euro para assegurar o tratamento de todos os doentes potencialmente curáveis.
O Centro Hospitalar de São João deu ordens ao gabinete jurídico para que denuncie estes dados à Provedoria de Justiça; à Comissão Parlamentar dos Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias; à Comissão Parlamentar de Saúde; ao Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida e à Entidade Reguladora da Saúde.