O secretário-geral comunista sugeriu ao primeiro-ministro que seguisse o caminho da demissão do seu Adjunto e responsável pelos Assuntos Parlamentares, «levando o Governo consigo».
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No debate quinzenal com o líder do executivo da maioria PSD/CDS-PP, que esgotou o seu tempo de intervenção numa primeira e longa resposta ao líder do PCP, sobre o tema escolhido para a sessão (economia social), Passos Coelho não pôde então defender-se sobre esta questão.
«[Miguel Relvas] Disse que foi o principal obreiro da sua chegada a líder do PSD e ao Governo. Trata-se assim do criador da criatura. Desertado o criador, o que resta à criatura? Não acha que devia seguir o mesmo caminho, levando o governo consigo?», perguntou o deputado comunista.
Relvas, definido por Jerónimo de Sousa como o «rosto da ofensiva contra o poder local e o serviço público de TV», afirmou quinta-feira ter decidido demitir-se há semanas, em conjunto com o primeiro-ministro, e justificou a decisão com falta de «condições anímicas» para continuar.
Sobre o tema escolhido pelo Governo para o debate, economia social, o líder comunista defendeu que, «enquanto não se for às causas, à política errada deste governo, não há soluções para a pobreza e desemprego», uma vez que «não se podem curar os efeitos quando se alimentam as causas da exclusão».
«Se é verdade que tem de haver complementaridade, também é verdade que as Instituições Públicas de Solidariedade Social (IPSS) têm hoje uma capacidade de resposta muito maior do que o Estado. É nossa vontade reforçar o papel destas instituições, embora estejamos numa situação em que o acesso à liquidez é mais difícil», argumentou Passos Coelho.
«A ideia de que o Governo está a reduzir o seu nível de compromisso nesta área social, é falsa», acrescentou, exemplificando com o «alargar da resposta de cantinas sociais».