O ministro da Administração Interna afirmou ontem que o Governo teve de tomar medidas «draconianas» porque o país estava nas «piores» condições.
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«Quando o país pediu ajuda internacional, pela terceira vez e curiosamente sempre depois de uma governação socialista, estávamos à beira de uma bancarrota», avançou Miguel Macedo durante um debate sobre coesão nacional, no sábado à noite, em Chaves.
E, acrescentou, «o ano de 2013 está para o memorando que temos em Portugal como o cabo das tormentas esteve para os nossos navegadores, mas o cabo das tormentas tornou-se no cabo da boa esperança», frisou.
O governante garantiu ser necessário fazer uma reforma «profunda» em muitas estruturas do Estado o que significa fazer opções políticas, daí o «famoso» corte de quatro milhões de euros e, quando o PS se recusa a fazer discussão «séria», recusa porque sabe que vai encontrar desagrados e confrontações políticas.
«O PS ao recusar fazer discussão séria significa que desiste de construir futuro diferente do que tivemos até agora», ressalvou.
O maior partido da oposição tem, segundo Miguel Macedo, a «triste» meta das eleições autárquicas quando o país está confrontado com problemas «sérios».
«Julgo que hoje o país tem uma enorme vantagem em fazer sobre essa matéria uma discussão séria e informada, com base em números e consequências de uma opção ou outra, para obter resultados a curto prazo», salientou.
Apesar das dificuldades, realçou Miguel Macedo, é possível fazer um acordo de concertação social.
Governar com exames trimestrais não é, segundo o governante, fácil, por isso, o país deve tomar consciência das suas fragilidades e o que o conduz a essa situação.
Ao longo dos tempos, considerou, Portugal não tem sabido ter contas públicas saudáveis e sustentáveis porque gasta mais do que o que produz.
O programa da troika é, salientou o ministro, «muitíssimo exigente», os sacríficos impostos aos portugueses são «enormes» e algumas áreas têm exigências «violentas».
Miguel Macedo revelou que entre 1999 e 2010 a dívida pública aumentou em 162 mil milhões de euros e, por força deste aumento, em 2013 será necessário pagar juros que ascendem a 8 mil milhões de euros, custo equivalente a um ano do Serviço Nacional de Saúde.
«Quando o país tem constrangimentos desta dimensão percebemos que ajustamento não é, nem nunca pode ser sem dor», frisou.
As opções em cima da mesa são, na sua opinião, duas de uma: ou se fazem ajustamentos nas estruturas, e não é um discurso contra os funcionários públicos, ou o país continuará a ter défices e dívidas insuportáveis.
Algumas alterações, afiançou, não darão frutos «no imediato», mas farão com que o Estado custe menos aos contribuintes.