No penúltimo dia de campanha, o PS/Açores foi até à feira agrícola da vila tradicionalmente piscatória. As histórias de desemprego e pobreza sucedem-se. Vasco Cordeiro garante: "Estamos a trabalhar".
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Nos Açores, a três dias das eleições regionais, Vasco Cordeiro, presidente do Governo Regional e recandidato como cabeça de lista do PS/Açores, passou pela feira da Associação Agrícola de São Miguel, em Rabo de Peixe.
Por entre animais e produtos hortícolas, muitos foram os que quiseram cumprimentar o candidato, mas, aos microfones, foram, sobretudo, os lamentos que se ouviram, até porque o desemprego continua a ser uma das marcas da vila.
Reconhecida como uma mais pobres da Ilha de São Miguel, Rabo de Peixe é, por estes dias, como sublinha Paulo Bernardo, uma vila pouco recomendada para quem quer trabalhar e fazer negócio.
"Da maneira como está o nível de vida, eu não sei como é que as pessoas vivem aqui", afirma este agricultor que, por estes dias, está de visita à ilha. Natural de Rabo de Peixe, Paulo Bernardo, de 52 anos, emigrou há 27 anos para o Canadá. Em Toronto, tem uma quinta própria, onde desenvolve a atividade agrícola. Quanto ao regresso definitivo ao local onde nasceu, está fora de hipótese.
"Eu não consigo vir para aqui. Se não é o bocadinho de subsídio que o Governo dá aqui, o lavrador empina tudo, não se aguenta. Se não for o subsídio, não paga as rendas e tem de fechar as portas. Eu vivi aqui 25 anos e em 1989 ainda dava. Agora, é bom só para turismo", lamenta.
Uma realidade difícil de contornar numa das vilas onde, de acordo com a Secretaria Regional da Solidariedade Social do Governo dos Açores, os habitantes mais recorrem ao Rendimento Social de Inserção.
Bruno Martins, de 33 anos e desempregado há cinco, é um dos muitos casos de quem tem na feira agrícola um dos últimos recursos. Ainda assim, sublinha, não chega para pagar as contas.
"Nós pedimos, por uma galinha boa, três euros ou três euros e meio e ninguém quer dar. As pessoas não querem porque também não têm dinheiro para pagar esse dinheiro que se pede", afirma, reforçando a ideia de que o desemprego é mesmo um problema em toda a região: "Tenho um cunhado que foi trabalhar para as ilhas e o patrão já não lhe paga há três meses".
Fora ou dentro da Ilha de São Miguel, as histórias repetem-se, como adianta António Vidal, de 67 anos, natural da Madalena, na Ilha do Pico.
"Em vez de comerem bifes, comem outras comidas mais baratinhas, mas muitos chegam ao fim do mês e já não têm dinheiro. Ainda ontem uma senhora estava a vender umas abóboras na minha rua e eu só as comprei para a ajudar, porque eu nem precisava e até tinha as minhas, só para lhe dar o dinheiro para ela poder viver. Há pessoas com grandes dificuldades", salienta.
Casos que, garante o candidato socialista Vasco Cordeiro, independentemente dos resultados de domingo, vão continuar a ter a atenção dos socialistas e do Governo Regional: "É para isso que nós estamos a trabalhar e vamos trabalhar", disse em resposta a um agricultor que sublinhava os problemas vividos pelos trabalhadores do setor do leite.