"Não temos onde enfiar os alunos." Faculdades de Medicina dizem ser impossível abrir mais vagas
Faculdades de Medicina mantêm vagas, mas ministro do Ensino Superior quer mais oferta. Faculdades dizem que é impossível.
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O reitor da Universidade do Porto, António Sousa Pereira, garante que nesta altura seria "completamente inapropriado" ter mais alunos no curso de medicina.
A Direção-Geral do Ensino Superior divulgou esta sexta-feira os dados do concurso nacional de acesso ao ensino superior público de 2020-2021, que confirmam a decisão já anunciada pelas universidades em manter o mesmo número de vagas, apesar da possibilidade de aumento.
Em declarações à Lusa, o ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior defende que esta decisão demonstra que as universidades não querem abrir a oferta e que isso deve ser feito noutras instituições, públicas ou privadas.
Em declarações à TSF, António Sousa Pereira diz que, enquanto reitor, está a fazer "um esforço imenso para pôr os de medicina a ter aulas nos hospitais" devido à pandemia de Covid-19.
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"Querer aumentar a entropia no sistema não é boa ideia", defende o reitor da Faculdade do Porto. Não há condições físicas para admitir mais alunos, nem orçamento para contratar mais professores, justifica.
António Sousa Pereira diz compreender a posição do ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, mas lembra que a procura dos cursos de "medicina está em queda".
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Em 2019, os cursos de Medicina ficaram excluídos das novas orientações para abertura e fecho de vagas, mas este ano o Governo abriu às faculdades de Medicina a possibilidade de aumentarem o número de vagas até 15% no ano letivo 2020-2021.
Entre as nove instituições com cursos de Medicina em Portugal, só a Universidade dos Açores optou por disponibilizar mais vagas no próximo ano, aumentando de 38 para 44 o número de lugares.
No próximo ano letivo, serão disponibilizadas 52.129 vagas, mais 561 do que no ano anterior, 1.523 das quais em cursos de Medicina.