A opinião do diretor da TSF, Paulo Baldaia, a propósito da mensagem de Ano Novo do Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva.
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É uma mensagem previsível, porque é coerente com tudo o que o Presidente da República tem dito sobre a necessidade de entendimentos entre os partidos para garantir a governabilidade e o crescimento sustentado da economia. O chefe de Estado lembra que entramos num ano eleitoral, defende que qualquer que seja o resultado deve haver compromisso e sugere aos partidos que comecem desde já a trabalhar o acordo que terá de existir no pós-eleições.
Na verdade, tirando este ponto sobre os entendimentos partidários, que esteve ausente da mensagem natalícia do primeiro-ministro, Cavaco Silva e Passos Coelho podiam ter trocado de discursos que mal se notava. A ideia de que foram conseguidos avanços nos três anos de governação, intervencionada pelo exterior, mas que nada está garantido e não se pode deitar tudo a perder é comum às duas mensagens.
Há uma nota claramente desafinada nesta mensagem presidencial. Quase a despropósito, embora tenha falado da necessidade de existir rigor e transparência na condução da política nacional, logo depois de ter lembrado o desastre financeiro que, em 2011, com José Sócrates, nos obrigou a pedir ajuda externa, Cavaco atira que "o combate à corrupção é uma obrigação de todos". E sobre esta matéria, muito importante mas que nada tem a ver com o que aconteceu em 2011, o presidente não diz mais nada. Em política o que parece é e esta passagem parece querer lembrar a situação do ex-primeiro-ministro.
Voltando à nota dominante desta mensagem. Para o Presidente há razões para confiar no futuro, mas é preciso que os partidos comecem desde já a semear entendimentos que vão fazer falta no pós-eleições.