Numa resposta indirecta a Ferreira Leite, Passos Coelho disse que a primeira coisa que se faz com a "troika" é mostrar que Portugal é capaz de cumprir.
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Em resposta àqueles que sugerem uma renegociação do empréstimo, o primeiro-ministro respondeu com uma pergunta: «Quem assumiria, para o próximo Novembro, que não estamos satisfeitos com as condições que negociámos e que nos deram?».
A primeira coisa que se faz perante o exterior não é querer renegociar as coisas todas, é mostrar que sabemos cumprir aquilo que foi negociado, defendeu, admitindo: «Mas não era bom ter mais um ano para executar o programa? Claro que era».
Passos Coelho admitiu que essa sugestão permitiria um ajustamento mais suave e menos penalizador, mas com um inconveniente: «se o programa tivesse mais um ano, tinha de ter também mais um ano de financiamento, o que significa que nós teríamos de estar a pedir ao FMI e aos países europeus que aprovassem nos seus parlamentos mais dinheiro para nos emprestar». Ou seja, «assumir o falhanço do programa», advertiu.
«Fazer de Portugal um caso de sucesso não depende só de nós», mas «fazer de Portugal um caso de fracasso só depende do Governo e dos portugueses», algo que «não acontecerá pela nossa vontade, pelo nosso empenho e pela nossa determinação», garantiu.
Na qualidade de líder do PSD, num encontro com autarcas em Leiria, Passos Coelho voltou a defender o caminho de austeridade que traçou no Orçamento do Estado de 2012.
«Podíamos ter escolhido outras medidas. Não nos pareciam, no entanto, que fossem menos gravosas, antes pelo contrário», disse.
O líder social-democrata fez ainda o apelo a que se acabe com o jogo de atirar culpas e com a mentalidade de salvar a própria pele, até porque só com o espírito de "um por todos e todos por um" valerá a pena.