A petição 'online' que pede a demissão do Presidente da República, e que já reuniu mais de 20 mil assinaturas, vai mesmo ser enviada à Assembleia da República.
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«Seja pela minha mão, ou pela mão de outros signatários que já manifestaram a sua disponibilidade para o fazer, a petição irá mesmo seguir para a Assembleia da República», disse à Lusa Nuno Luís Marreiros, que no sábado lançou a petição 'online' "Pedido de demissão do Presidente da República".
Nuno Luís Marreiros adiantou ainda que tomou a decisão de enviar a petição para o Parlamento depois de, segunda-feira, lhe terem começado a chegar mensagens de signatários no sentido de «não deixar cair em vão» tantas assinaturas já recolhidas.
Admitindo que o resultado final da petição não seja mesmo o objetivo a que se propõe, ou seja, a demissão do chefe de Estado, Nuno Luís Marreiros disse acreditar que poderá ser vista como «uma primeira manifestação da participação dos cidadãos na vida política».
«Há muitas críticas à falta de participação dos cidadãos; por isso, este pode ser um exemplo de participação ordeira e sem recurso a manifestações violentas, uma forma de mostrar que os portugueses estão descontentes com a atuação do Presidente da República», acrescentou.
No texto da petição, são recordadas as declarações do chefe de Estado na sexta-feira, quando Cavaco Silva afirmou que aquilo que vai receber como reforma «quase de certeza que não vai chegar para pagar» as suas despesas.
«Estas declarações estão a inundar de estupefação e incredulidade uma população que viu o mesmo Presidente promulgar um Orçamento de Estado que elimina o 13.º e 14.º meses para os reformados com rendimento mensal de 600 euros», lê-se no texto da petição.
Ouvido pela TSF, o constitucionalista Jorge Bacelar Gouveia disse que esta petição, ela própria «inconstitucional», está condenada à partida.
O constitucionalista sublinhou que a AR não pode aceitar um documento que pede a demissão do Presidente da República, que, apesar de não estar imune à crítica, não pode ser afastado.
[Texto escrito conforme o novo Acordo Ortográfico]