A cada meia hora dá entrada num hospital português uma vítima de AVC, doença que mata mais em Portugal do que as doenças cardíacas, o que contraria a tendência dos outros países europeus.
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Estes dados constam do relatório "Portugal, Doenças Cérebro-Cardiovasculares em números - 2013", da Direção-Geral da Saúde, a ser apresentado hoje.
O estudo, elaborado no âmbito do Programa Nacional para as Doenças Cérebro-Cardiovasculares, revela que em Portugal a mortalidade por doenças do aparelho circulatório (doenças cardiovasculares e doenças cerebrovasculares) está em redução progressiva nas últimas duas décadas.
Esta tendência é oposta à mortalidade por doenças oncológicas, a qual tem vindo a aumentar: nos últimos 23 anos a percentagem de óbitos devido a tumores (no total de causas de morte em Portugal) subiu de cerca de 17 por cento(%) para 25%, ao passo que a mesma percentagem relativa às doenças do aparelho circulatório desceu dos 45% para os 30%.
Ainda assim, as doenças cérebro-cardiovasculares continuam a ser as que mais matam em Portugal, à semelhança do que se passa em todos os países europeus.
Contudo, dentro deste grupo de doenças, a taxa de mortalidade por doenças cerebrovasculares (que inclui os acidentes vasculares cerebrais) é superior à das doenças isquémicas do coração (incluindo o enfarte agudo do miocárdio).
«Esta proporção é inversa da verificada na maioria dos países europeus e mesmo mediterrânicos, carecendo de aprofundamento e esclarecimento epidemiológico», destaca o documento.
Quanto à taxa de mortalidade por doenças cardiovasculares, verificou-se uma redução de 22,4% entre 2007 e 2011, o que as autoridades de saúde consideram ser uma redução «substancial».
Este decréscimo é mais acentuado na população com mais de 70 anos (assim como no que se refere às doenças cerebrovasculares), apesar de a redução de mortalidade prematura (antes daquela idade) também traduzir ganhos «da maior relevância» em termos de «anos potenciais de vida perdidos».
O relatório sublinha as assimetrias regionais ainda existentes nos doentes encaminhados corretamente pelas vias verdes e dá como exemplo das «melhores práticas» a região do Algarve, onde mais de 70% dos casos foram encaminhados através desta via.
Por isso, os especialistas recomendam que se mantenha no topo das prioridades a correção destas assimetrias regionais.