O presidente do Sindicato dos Jornalistas considerou hoje como «positivo» a instauração do inquérito às agressões policiais durante a manifestação de 22 de março em Lisboa, mas disse esperar que as consequências do processo não sejam apenas disciplinares.
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«Essas averiguações devem ter também consequências penais», disse Alfredo Maia à agência Lusa, defendendo assim que os polícias envolvidos sejam julgados em tribunal, já que há «indícios claros de atentado à liberdade de informar».
O ministro da Administração Interna determinou hoje a instauração de um processo disciplinar ao polícia envolvido nas agressões à fotojornalista da France Press e a abertura de inquérito para prosseguir a investigação no caso do fotojornalista da Lusa.
No despacho, Miguel Macedo refere que a abertura do processo de inquérito deve também fazer «um apuramento completo» do que se passou com a manifestante que no Largo do Chiado, em Lisboa, foi derrubada por elementos do Corpo da Intervenção (CI) da PSP e sobre a utilização de meios coercivos contra um cidadão que realizou uma denúncia junto da Inspeção-Geral da Administração Interna (IGAI).
Alfredo Maia disse aguardar que as queixas apresentadas pelos dois jornalistas venham a ter também consequências criminais para os elementos policiais.
O presidente do Sindicato referiu ainda, que na sequência desta situação, o Sindicato está a organizar um debate que vai ter sessões em Lisboa e no Porto para que a classe jornalística apresente propostas para evitar que situações deste género voltem a repetir-se.
A exibição ao peito da carteira profissional pelos jornalistas que acompanhem situações de conflito é defendida pelo sindicalista, para «afirmar o estatuto de neutralidade face aos contentores nesses cenários».
Contudo, Alfredo Maia considera haver cenários em que essa identificação não se recomendará «para não tornar jornalistas em alvos a abater».