Uma arruada (quase) serena e um apelo contra a "ditadura do politicamente correto"
No discurso de encerramento da campanha social-democrata, Rui Rio falou de liberdade e ditadura. Até porque votar é agradecer a quem lutou pela democracia.
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Rui Rio escolheu o Largo do Carmo, em Lisboa, para terminar a sua campanha porque é um local simbólico: "Foi aqui que caiu o Estado Novo e voltou a renascer a democracia e a liberdade."
"Foi preciso defender a liberdade em 74, mas é sempre preciso defendê-la", explica. Por isso, o seu partido não aceita "a ditadura do politicamente correto que muitas vezes se assume como imposição das minorias às maiorias".
"Mantemos a liberdade tal como Francisco Sá Carneiro nos ensinou", disse o presidente do PSD no seu discurso de encerramento de campanha. É esta a mensagem que o líder do PSD quer deixar aos portuguesas antes de o país ir a votos no domingo.
E para quem está a pensar ficar em casa, fica o recado: ao abster-se está a "não respeitar o esforço" de quem lutou pelo direito à democracia. Afinal, votar é também "um ato de agradecimento".
"Quem não votar, quem se abstiver, está no seu direito, mas tem de perceber que está a reforçar aquilo que existe. E o que existe é o PS, o PCP e o BE em maioria. Se quiserem mudança, têm de mudar o seu voto", reiterou.
Mais apoios à natalidade, mais jovens na agricultura, uma justiça mais célere - pede Rui Rio, mas também "um ponto que não está no programa do PSD": adotar uma "postura de Estado" e não encher os cargos da administração pública de familiares.
"Nós fazemos isto porque estamos na política para honrar aquilo que sempre tenho dito: em primeiro não é o PSD, em primeiro está Portugal", afirmou.
No Largo do Carmo estava montado um palco, mas as intervenções foram curtas. Rio Rio abriu o discurso com uma "homenagem a Diogo Freitas do Amaral" e explicou: "Tínhamos programado um comício, mas por força do falecimento do professor Freitas do Amaral decidimos encerrá-lo".
Está assim oficialmente encerrada a campanha do PSD. Mas antes de se ouvir o hino de Portugal, Rui Rio revela ainda: "O conta-quilómetros do meu carro marca hoje mais 13 mil quilómetros do que aquilo que marcava há uma semana atrás."
A descida ao Chiado até ao Largo do Carmo prometia ser "uma arruada sem barulho" como manifestação de respeito para com o histórico fundador do CDS, mas começou ao ritmo de tambores e bombos. Os músicos lá acabaram, depois, por caminhar à frente da comitiva em silêncio. Já os militantes e jotas não deixaram de gritar. Por Rui Rio, pelo PSD e por vitória.
Enquanto se fazia um compasso de espera em frente ao histórico café Brasileira, muitos militantes e apoiantes do PSD olhavam para ecrãs e passavam telemóveis de mão em mão: estavam a ver o vídeo de António Costa a exaltar-se contra um homem que o abordara também naquela rua, momentos antes. Na comitiva laranja tornou-se instantaneamente viral.
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