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A peça principal do teatro é o público, sublinha Tiago Rodrigues, depois de meses de confinamento, em que os palcos foram um espaço de vazio mas o teatro não parou de trabalhar para que a temporada 2020/2021 fosse possível.
"A Vida Vai Engolir-vos" é a peça que abre o Teatro Nacional D. Maria II, em parceria com o Teatro Municipal São Luiz, e que promete nove horas de espetáculo, em dias separados, com jantar e pequeno-almoço. Tiago Rodrigues, diretor artístico do Teatro Nacional D. Maria II, garante que o certame vem, de alguma forma, pôr termo a tempos muito difíceis, decorrentes da falta que o público faz. "É muito difícil porque não estamos a fazer aquilo de que mais gostamos e ainda assim estamos a esfolar-nos, a fazer das tripas coração para criar as condições - foi o que aconteceu durante todos estes meses - para que o público pudesse regressar e os artistas os pudessem reencontrar, com peças de grande qualidade, que é o que desejamos para os 45 espetáculos que apresentamos nesta temporada cheia, promissora, mas também com todas as cautelas."
Ouça a reportagem do jornalista José Carlos Barreto.
O espetáculo - "A Vida Vai Engolir-vos" - começa em duplicidade com o Teatro Municipal São Luiz, mas o da temporada do Teatro Nacional D. Maria II inicia-se com quatro peças passadas. "'A Vida Vai Engolir-vos', o título que o encenador Tónan Quito inventou para este aglutinado de quatro peças de Anton Tchékhov misturadas, compõe um espetáculo longo, de várias horas, com uma primeira parte de quatro horas no Teatro Municipal São Luiz, que estreia já hoje", conta Tiago Rodrigues à TSF.
Segue-se a "segunda parte, também de quatro horas, no D. Maria II, que estreia amanhã". Depois, serão apresentados em alternância, exceto ao fim-de-semana, em que há "a oportunidade única de começar às 19h00 e ir até às tantas da manhã para ver as duas partes divididas entre os dois teatros, numa maratona de um longo serão cultural".
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Para Tiago Rodrigues, trata-se de um "espetáculo que reivindica as palavras do passado, com mais de cem anos, escritas por Tchékhov, para falar do nosso presente e da nossa incerteza quanto ao futuro" e para "falar de como as pessoas estão face à iminência um futuro que não compreendem completamente e não conseguem controlar".