Tartufo em três línguas, para a mesma hipocrisia

Tartufo é um clássico de Molière, faz agora parte de um projeto internacional, com atores em final de curso, agora nos palcos dos Teatros Nacionais São João e D. Maria II.

PorJosé Carlos Barreto
© Filipe Ferreira

"Nós, Nous", é uma ideia internacional que liga a França, a Galiza e Portugal para criar um espaço teatral comum, para estudantes em final de curso. Desenvolvido por quatro teatros (Célestins - Théâtre de Lyon, Centro Dramático Galego, de Santiago de Compostela, TNDM II e TNSJ) e por quatro escolas superiores de arte dramática (ENSATT, de Lyon, ESAD, de Vigo, ESTC, de Lisboa e ESMAE, do Porto) com um criador internacional, neste caso foi escolhido o português Tonan Quito, que foi buscar Moliére e o Tartufo.

Hipocrisia, cinismo, manipulação, são conceitos tão atuais como para Moliére que bem sentiu na pele a critica feroz de todos os lados quando apresentou esta peça. Um devoto a Deus, cinico, uma burguesia em ascensão e uma corte a querer manter o pé, tudo tão contemporaneo afinal que parece que foi escrita ontem à tarde. Sim responde Tona Quito, até oarece que Moliére pegou no texto e disse: Tonan! Vê lá se gostas do texto, uma actualidade impressionante.

Tonan Quito não quis apenas ler o texto na voz dos actores, mas sim acrescentar, sem mudar nada, mas os noivos que se vão casar, aqui no Tartufo, são duas mulheres.

Três linguas em cena, que se mantêm, cada actor fala a sua própria lingua, o françês, o galego e o português para um clássico com os olhos destes dias do mundo, mas o mesmo mundo onde Moliére disse "A hipocrisia é, para o Estado, um vício bem mais perigoso que todos os outros".

texto Molière

direção Tónan Quito

com Bernardo Santo Tirso, Carlos Correia, Carolina Parreira, Haïthouni Hamada, João Maria Fialho, Marcos Fernández, Romane Buunk, Yaiza Portela

tradução português Manuel João Gomes

tradução galego Loli Ramos Duarte

cenografia Carlota González, María Torres Piñeiro

figurinos Hercule Bourgeat

desenho de luz Lucien Laborderie

sonoplastia e apoio ao desenho de luz Afonso Lemos

assistência de encenação Diego Chamizo Mora

apoio voz e texto João Henriques

produção executiva Miguel Mendes

direção de cena João Gonçalo Limas

parceria Axencia Galega Das Industrias Culturais / Centro Dramático Galego, Consellería de Educación, Formación Profesional e Universidade / Escola Superior de Arte Dramática de Galicia, École Nationale Supérieure Des Arts et Techniques du Théâtre, Instituto Politécnico de Lisboa / Escola Superior de Teatro e Cinema, Instituto Politécnico do Porto / Escola Superior de Música, Artes e Espetáculo, Les Célestins - Théâtre De Lyon, Teatro Nacional D. Maria II, Teatro Nacional S. João

apoio Institut français à Paris (no âmbito do programa Relance Export), Institut français du Portugal, Embaixada de França

Projeto financiado pelo programa europeu Erasmus+ K2

Tartufo, de Molière, com encenação de Tonan Quito para finalistas de artes cénicas de França, Galiza e Portugal, estreia hoje, quarta feira 22 de junho, no Teatro Nacional D. Maria II, em Lisboa e fica de quarta a sábado às 19h30 e no domingo, último dia às 4 e meia da tarde. Depois segue para o Teatro Nacional S. João, no Porto e fica de 30 de junho a 2 de julho no Teatro Carlos Alberto.

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