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O Filme "A Flor do Buriti", do cineasta português João Salaviza e da realizadora brasileira Renée Nader Messora foi distinguido esta sexta-feira na secção "Un Certain Regard" do Festival de Cannes.
O júri decidiu atribuir o prémio de Melhor Equipa ao filme - habitualmente atribuído a atores - distinguindo assim ambos os realizadores e também o povo Krahô, do Brasil, que protagoniza a obra.
"A Flor do Buriti" é a segunda longa-metragem coassinada por João Salaviza e Renée Nader Messora, foi filmada com o povo indígena Krahô, do Brasil.
João Salaviza fala de "um prémio para a aldeia inteira"
O filme atravessa os últimos 80 anos deste povo e, segundo a sinopse, dá a conhecer "um massacre ocorrido em 1940, no qual morreram dezenas indígenas". "Perpetrado por dois fazendeiros da região", prossegue a descrição do filme, "as violências praticadas naquele momento continuam a ecoar na memória das novas gerações".
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Segundo a produtora Karõ Filmes, o filme foi rodado ao longo de quinze meses na terra indígena Kraholândia, onde os dois realizadores já tinham filmado o documentário "Chuva é Cantoria na Aldeia dos Mortos" (2018).
O nome do novo filme faz referência à flor do buriti, um tipo de palmeira selvagem que cresce no Brasil e que se encontra no meio da comunidade Krahô, no norte do estado brasileiro do Tocantins.
O local é um bioma fechado - menos húmido do que a Amazónia - que se tornou a região mais devastada pela desflorestação no Brasil.
No comunicado de imprensa sobre a obra, João Salaviza e Renée Nader Messora lembram que, atualmente, "diante de velhas e novas ameaças, os Krahô seguem caminhando sobre a sua 'terra sangrada', reinventando diariamente as infinitas formas de resistência".
A 76.ª edição do Festival de Cinema de Cannes teve início no passado dia 16 e encerra no próximo sábado.