Festival de Cannes: a luz do vulcão do "musical" de Pedro Costa
Crónica de cinema

Festival de Cannes: a luz do vulcão do "musical" de Pedro Costa

Ainda ecoa pela cabeça de todos os que estiveram ontem na sala Buñuel os sons musicais dos Músicos do Tejo, autores da banda sonora da inflamante curta de Pedro Costa, As Filhas do Fogo, um tríptico visual com três irmãs a espantarem os males com um canto de lamento. Cabo Verde a não sair do cinema de Costa, que no palco anunciou que este pode vir a ser um rastilho para uma longa. Fogo, luz e algo sagrado que, em oito minutos, dão uma dimensão nova à sua estética. Pegado à sessão, uma promoção ou trailer de Drôles de Guerre, projeto por fazer de Jean-Luc Godard que nunca será feito. Contrastes, pois então.

Ontem também foi o dia de Légua, de Miller Guerra e Filipa Reis e A Flor do Buriti, de Renée Nader Messora e João Salaviza. O primeiro arranca ao som de Dina, mas não rimos e nem damos a volta à cabeça - é antes um drama interior pelos espaços e espaço de uma mulher que se reinventa num Minho rural, em Légua, precisamente. Depois, no Un Certain Regard, a tal coprodução luso-brasileira, com Salaviza e Messora a voltarem à terra dos índios Krahô. Perde-se o efeito novidade, ganha-se um registo de uma resistência de um povo.

A ironia do dia esteve no Marché, onde se soube que a Netflix, produtora de relações complicadas com o festival, bateu 11 milhões de dólares pelo drama no feminino, de Todd Haynes, May December. Será que este negócio pode prejudicar a obra depois no palmarés? Se Haynes vencer algo, o gigante do streaming vai sorrir de malícia...

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