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A Filandorra - Teatro do Nordeste encenou, esta segunda-feira de manhã para denunciar a falta de apoios do Governo, um auto de protesto contra o ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva. A companhia sediada em Vila Real quis denunciar "um Ministério da Cultura imperfeito", chamando ao titular da pasta "ministro imperfeito da Cultura, Adão sem Eva".
Foi junto ao pelourinho de Vila Real, ao som de "A morte saiu à rua" de Zeca Afonso, que os 11 atores da Filandorra se colocaram num cepo, simbolizando o risco que companhia corre por ter ficado de fora dos apoios do Governo para o quadriénio 2023-2026.
"As linhas de corte dão a morte do emprego e da Cultura".
"O ministro é adepto da empatia e compaixão, mas defensor da velha guerra antiga dos fascistas das linhas de corte", disse o diretor da companhia, David Carvalho, sublinhando que "as linhas de corte dão a morte do emprego e da Cultura".
Mas o objetivo é resistir. "Estamos a pedir aos municípios que nos comprem mais serviços. A câmara de Vila Real e a junta de freguesia também têm em decisão um conjunto de apoios", explicou David Carvalho.
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A companhia vai ainda lançar "50 mil bilhetes". São "bilhetes solidários, entre 25 de abril deste ano e 25 de abril do próximo, para que o país demonstre à autoridade quase prepotente do senhor ministro o que é não ter no cofre de milhões do Governo financiamento para dar a estruturas dignas".
Sem apoios do Governo, as autarquias que têm protocolos com a Filandorra vão ter um papel importante para ajudar a companhia a manter-se no ativo. A presidente da câmara de Miranda do Douro, Helena Barril, foi a Vila Real solidarizar-se com o protesto e prometer que "vai honrar os compromissos" com aquela estrutura cultural. "E quando terminar o prazo [do contrato] certamente o iremos renovar", acentuou.
Helena Barril acrescentou que "é preocupante este abandono do Ministério da Cultura", o que "tira o sentido à coesão territorial que tanto apregoam".
A Filandorra está a comemorar 37 anos de existência e promete continuar a resistir no interior do país, apesar da falta de apoio do Governo. O protesto desta segunda-feira foi a forma de a companhia assinalar o Dia Mundial do Teatro.