Há "Teatro na Aldeia" de Coêdo em festival que dura seis dias

A pequena localidade do concelho de Vila Real é a sede da companhia Peripécia Teatro, que retribui com espetáculos para a comunidade.

A povoação de Coêdo, em Vila Real, acolhe, a partir desta terça-feira e até domingo, o festival "Lua Cheia - Arte na Aldeia". O cartaz, organizado pela Peripécia Teatro, companhia que ali tem a sede, apresenta cinco espetáculos de teatro e uma sessão de cinema. Tudo ao ar livre e com acesso controlado devido às restrições impostas pela pandemia de Covid-19.

O festival abre com a peça "Fardo", produção da Peripécia Teatro. É a segunda versão de uma produção de inverno estreada em 2015. Um Entrudo peculiar com os atores Sérgio Agostinho e Noélia Domínguez a desdobrarem-se em vários papéis, com fardos de palha como cenário.

É um divertimento sobre a morte enquanto não chega a primavera, que teve as máscaras de madeira do Entrudo de Lazarim (Lamego) como ponto de partida. Há outras máscaras que entram em cena, oriundas da Indonésia, que permitem aos atores produzirem sons e palavras.

"O espetáculo anda entre o que o é sonoro e o que não é, entre o que é tradicional e o que é contemporâneo, entre a vida e a morte, entre a primavera e o inverno", resume Sérgio Agostinho, ator e diretor artístico da Peripécia Teatro. Por ter pouca palavra, admite que "cada espetador pode ter uma interpretação diferente" da peça.

"Fardo" abre o festival "Lua Cheia - Arte na Aldeia" na versão adaptada à pandemia. Os espetáculos cabem todos numa semana, em vez de se realizarem apenas em noites de lua cheia, tal como ocorreu nas primeiras edições. "Tínhamos a obrigação moral de fazer tudo o que estivesse ao nosso alcance para que esta atividade artística e cultural não caísse", nota o diretor artístico.

Mas o objetivo que esteve na génese do festival, em 2014, mantém-se: levar teatro à pequena comunidade que acolhe a Peripécia Teatro há 13 anos. "A intenção sempre foi abrir-nos a este lugar, porque as pessoas viam-nos aqui a trabalhar, mas não sabiam o que fazíamos entre as quatro paredes da antiga escola primária. Havia qualquer coisa que faltava", recorda Sérgio Agostinho. Através de um projeto de apoio que foi aprovado, a companhia logrou aproximar-se da população através da arte.

Desde que o "Lua Cheia - Arte na Aldeia" começou em Coêdo tem havido alguma mudança de mentalidades, com pessoas mais abertas a participar naturalmente neste tipo de eventos. O responsável salienta que "muitas pessoas viram teatro pela primeira vez aqui".

Mas Sérgio Agostinho admite que nem todos conseguiram ultrapassar a timidez que demonstraram no primeiro contacto com a atividade cultural. "Sei de pessoas que não vinham porque não sabiam como haviam de se vestir ou de se comportar aqui". Algumas não ultrapassaram os receios e nunca mais voltaram. Em contrapartida há mais gente que chega de localidades vizinhas para ver teatro na pequena aldeia encostada à base da Serra do Alvão.

Os espetáculos do festival "Lua Cheia - Arte na Aldeia" decorrem, entre esta terça-feira e domingo, sempre às 22 horas, num espaço ao ar livre com apenas 56 lugares sentados, junto à antiga escola primária de Coêdo.

Para além de "Fardo", na estreia, ao longo de seis noites consecutivas vai ser possível assistir a mais duas produções da Peripécia, designadamente "Conto Contigo" e "13", e ainda às peças "Zona 2ª Parte", do Projeto Ruínas, "Filho?", uma coprodução Teatro O Bando e Teatrão. Também vai ser exibido o filme "E agora, onde vamos?", da artista e realizadora libanesa Nadine Labaki. Esta terça-feira à noite é inaugurada a obra "Tragos e Komos", da autoria do artista plástico Carlos Nô.

Como há lugares marcados devido aos condicionalismos impostos pela pandemia, os bilhetes, a 3 euros cada um, devem ser comprados no local uma hora antes, ou online na BOL.

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