Lazarim à espera de enchente para ver máscaras de madeira

Artesãos apresentam as novas criações esta terça-feira à tarde. Muitas acabam por ser vendidas a preços que oscilam entre 100 e 600 euros.

Depois de ter ficado a rebentar pelas costuras no domingo, com "mais de 10 mil pessoas", a vila de Lazarim, no concelho de Lamego, aguarda esta terça-feira "cerca de cinco mil visitantes" para ver as novas máscaras de pau de amieiro. As contas são do presidente da Junta de Freguesia, Paulo Loureiro, que espera a ajuda da meteorologia para não as estragar.

Paulo Loureiro não está a contar com a enchente do fim de semana, porque esta terça-feira "não é feriado". Caso contrário as expectativas seriam mais elevadas, dado que o tradicional Entrudo desta localidade está cada vez mais vivo e com mais artífices.

Entre os que mais recentemente começaram a dedicar-se à arte, João Carvalho, 41 anos, e Agostinho Loureiro, 72, construíram, este ano, três máscaras cada um. Ao todo haverá dezenas de novidades no Entrudo. É um sinal de que a tradição, que já correu o risco de acabar, não está, por ora, em perigo.

João diz que "teria uns seis anos" quando começou a "ver o senhor Afonso [já falecido] a fazer máscaras de madeira". Desde então alimentou a "esperança de um dia também as construir". Mas só em 2022 fez a primeira. "Este ano já fiz três e é para continuar", explica.

Entretanto, João vendeu, há poucos dias, a careta com que se estreou o ano passado. "Foi vendida por 200 euros". Considera que o preço é fixado "mediante o trabalho de elaboração da máscara", pois "algumas, como as de diabo ou de rei, têm de ser feitas com x-ato e formão, e com muito cuidado para não partirem, pelo que atingem preços mais elevados". Por norma, uma máscara de pau de amieiro pode ser vendida "entre 100 e 600 euros", ou até mais.

Agostinho viveu em Lazarim até aos 16 anos, foi para Lisboa ganhar a vida e passou 31 anos em várias funções na Carris. Reformado, regressou à terra e foi, em 2020, durante o confinamento motivado pela pandemia de Covid-19, que se interessou pelas máscaras. "Vi os outros a fazer e deu-me para isto, mas ainda só fiz diabos".

As três que preparou para este ano vão ser usadas pelo filho e pela nora, e a outra será para a neta. "Assim que a viu [a máscara do diabo com bigode] disse logo que era para ele", diz Agostinho, que realça a habilidade do filho para a arte, destacando "uma águia do Benfica".

Por enquanto, Agostinho só trabalha o pau de amieiro. Já João também se dedica a fabricar os trajes: um fato de musgo para o filho, um de paus de macieira para ele, um de caroço de espiga de milho para o irmão e um de folhas de eucalipto para o compadre.

O desfile dos caretos em Lazarim começa às 15 horas desta terça-feira. O ponto alto é a leitura dos testamentos, às 15.30. Segue-se o cortejo e a queima da comadre e do compadre, um concurso de máscaras e trajes e, ao fim da tarde, come-se feijoada e caldo de farinha.

Mais Notícias

Outros Conteúdos GMG

Patrocinado

Apoio de