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Nesta "manhã muito triste", Maria do Céu Guerra recorda à TSF Eunice como "a maior atriz portuguesa de sempre", que sabia que à arte só se chegava com trabalho.
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"À fama pode chegar-se de outra maneira. Tinha uma alegria de trabalhar, embora às vezes dissesse que lhe apetecia trabalhar, mas não lhe apetecia nada. Ela tinha curiosidade por todos, pelos jovens, e transportava essa curiosidade para o seu trabalho. Gostava de falar connosco como gostava de falar com as suas personagens", recorda.
Para a atriz, Eunice Muñoz nunca deu ao teatro um lado convencional. Cada trabalho nunca era só mais uma personagem.

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"Cada trabalho para ela era uma aventura e isso era muito bonito. Tinha um olhar para os outros que é muito raro transparecer nos atores. Dava uma vida e grandeza especial a cada coisa que fazia", explica à TSF.
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Maria do Céu Guerra gravou com a atriz a última cena em televisão, para a telenovela da TVI "Festa É Festa", que ainda está a ser transmitida. Eunice já estava doente, muito debilitada. Maria do Céu estava assustada, mas encontrou uma Eunice "maravilhosa" e fizeram um "momento especial".
"De repente apareceu-me uma Eunice maquilhada, maravilhosa, linda, luminosa e fizemos uma cena em que improvisámos, rimos e fomos nós e a outra, a personagem, a atriz. Foi um momento especial. Eu estava emocionadíssima e aflitíssima", lembra.
Apesar da tristeza da partida, a atriz considera que é uma "grande felicidade" Eunice poder ter, na hora da morte, um país "gostar dela, admirá-la, respeitá-la, a coroar uma vida de trabalho".
"A Eunice nunca mudou de estatuto, preocupava-se com os seus, o apoio à sua família e o deslumbramento que para ela era representar. É extraordinário uma atriz ter tido também a oportunidade de recolher a admiração e o amor do seu país, do seu público, da sua gente sem vaidades", sublinha.
Eunice Muñoz morreu esta sexta-feira, no Hospital de Santa Cruz, em Lisboa, segundo o filho da atriz, tendo completado em novembro 80 anos de carreira.
Em abril do ano passado, Eunice Muñoz foi condecorada pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada, cerca de três anos depois de ter recebido a Grã-Cruz da Ordem de Mérito.