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O novo museu que ocupará o espaço do antigo Museu Coleção Berardo vai chamar-se Museu de Arte Contemporânea CCB e abre durante este ano de 2023. O anúncio foi feito, esta manhã, pelo ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, que esteve reunido, no Centro Cultural de Belém (CCB), com o conselho de administração da Fundação CCB.
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"O CCB recupera hoje a gestão e a posse de um espaço de 9 mil metros quadrados, um centro expositivo com grande dimensão e de grande alcance, e isso será fundamental", declara o ministro da Cultura, que fala num momento de "viragem".
"Teremos aqui um novo museu que terá a Coleção Ellipse", sublinhou Pedro Adão e Silva, referindo-se às obras de arte que tinham sido arrestadas após a falência do Banco Privado Português (BPP). O Estado encontra-se, nesta altura, a concluir "a troca dos créditos junto da comissão liquidatária do BPP pela Coleção Ellipse e também pela Coleção BPP", nota o ministro.
O governante acrescentou que o novo museu contará também com obras da "CACE [Coleção de Arte Contemporânea do Estado] e outras coleções que podem, no futuro, vir a juntar-se - e, enquanto se mantiverem os termos do arresto tal como eles existem, naturalmente, também a Coleção Berardo".
Para já, o novo museu integrará uma obra da pintora Paula Rego, no valor de 400 mil euros, recém-adquirida pelo Estado.
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O Museu Coleção Berardo chegou ao fim, neste dia 1 de janeiro de 2023, com a extinção da Fundação de Arte Moderna e Contemporânea Coleção Berardo, promulgada, na última semana, pelo Presidente da República, depois de o Governo ter denunciado o protocolo que renovaria automaticamente o acordo assinado entre o Estado e o colecionador de arte José Berardo.
Desde 2019 que as obras da coleção Berardo estão arrestadas, na sequência de um processo interposto pelo Novo Banco, pela Caixa Geral de Depósitos e pelo BCP, para recuperar uma dívida de cerca de mil milhões de euros. Mas o ministro da Cultura assegura que, quando houver uma decisão do tribunal, o Governo reunirá esforços para negociar a permanência das obras de arte no novo museu do CCB.
"É uma coleção muito importante, é uma coleção única no contexto do país", justifica Pedro Adão e Silva. "Está envolvida numa disputa judicial da qual o Estado não faz parte, entre três bancos e o sr. Berardo. Não sei, nem ninguém sabe, qual vai ser a evolução nem quando é que o processo se conclui. Quando chegar esse momento, naturalmente que estamos interessados em negociar com quem for decretado proprietário da coleção", frisa.
"Qualquer cenário alternativo (...) significa que as peças sairão daqui e terão outro destino. Isso não é do interesse público, certamente, mas também não é do interesse das partes do processo. Nem os bancos nem o sr. Berardo têm nada a ganhar se tiverem de assumir a responsabilidade de pagar a conservação e a manutenção das peças, e, entretanto, a sociedade portuguesa deixa de poder visitar e conhecer esta coleção", repara o ministro da Cultura, que reafirma a disponibilidade do Estado para assegurar essas despesas, com a contrapartida de as obras de arte estarem à disposição do público.
Pedro Adão e Silva indica que a Fundação Berardo tinha recebido, em 2022, 2,1 milhões de euros - uma transferência que já não estava prevista no Orçamento para este ano, com a extinção da Fundação. O ministro da Cultura garante que um montante da mesma ordem deverá ser transferido para a Fundação CCB - mas o governante não exclui um aumento do valor.
O ministro reforça ainda a mensagem de "tranquilidade" transmitida aos trabalhadores do antigo museu Berardo, que serão, incluindo a diretora, integrados no novo museu do CCB.