"Não tem respondido aos apelos." Estruturas e profissionais protestam contra ministro da Cultura

Ruy Malheiro, em declarações à TSF, acusa Pedro Adão e Silva de "falta de diálogo".

Várias estruturas artísticas e representantes dos profissionais do setor da cultura protestam este quarta-feira junto à Assembleia da República, enquanto o ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, é ouvido na comissão parlamentar de Cultura, Comunicação, Juventude e Deporto.

A audição ao ministro começa às 09h00, quando do lado de fora estarão os profissionais a protestar contra a falta de diálogo e as posições de Pedro Adão e Silva.

"A nossa ação prende-se muito com o exercer pressão e reivindicar todas as posições que o ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, tem tomado nos últimos tempos e, maioritariamente, no que aos resultados do Programa de Apoio Sustentado diz respeito. Quanto mais não seja, é a nossa obrigação fazer pressão perante as ações do ministro", explica à TSF Ruy Malheiro, da Ação Cooperativista.

O manifestante considera que a presença "é fundamental", especialmente para reclamar da "falta de diálogo do ministro com o setor".

"De uma maneira geral, ele não tem praticamente respondido aos diversos apelos que o setor tem manifestado. Inclusivamente, na comissão parlamentar de Cultura de dezembro, ele não compareceu, da mesma forma que não compareceu à primeira reunião da comissão de acompanhamento do estatuto", expõe.

Ruy Malheiro alerta para o estrangulamento dos apoios aos projetos culturais, devido à falta de apoios bienais.

"O reforço que o senhor ministro anunciou, depois de já terem encerrado as candidaturas para os apoios e que é muito bem-vindo, foi alocado unicamente às candidaturas quadrienais. Isto é incorreto. É de uma injustiça tremenda. Há imensas estruturas nos concursos bienais - e estamos a falar de estruturas com trabalho continuado, algumas delas com mais de 20 anos - que optaram por se candidatar a apoios bienais, tendo legitimidade para se candidatar quadrienais, e apenas o fizeram porque, aquando do anúncio dos concursos, a dotação orçamental divulgada levou estas estruturas a fazerem contas e a perceberem que o dinheiro é curto", refere o manifestante.

E acrescenta: "Candidataram-se a bienais por uma questão de segurança e o senhor ministro tira-lhes o tapete quando reforça apenas as quadrienais."

Ruy Malheiro revela que as ações anteriores não resultaram e esta já é um protesto de desespero. "O nosso objetivo é claramente esse. Este já é o último reduto. É virmos para a rua, porque todas as ações que foram feitas ao longo dos últimos meses, e que não têm sido poucas, não têm tido eco. Portanto, este é o nosso último reduto e a nossa esperança é que a nossa ação faça alguma pressão ao ministro", diz.

À porta do Parlamento, os agentes da cultura, vestidos de negro, têm recebido a visita de alguns deputados, como foi o caso de Rui Tavares, do Livre, que defendeu a utilização de verbas do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) para defender os interesses da cultura, que considera serem também os interesses da sociedade e da economia.

"Estamos com dificuldades de execução do PRR. Uma parte vai para os empresários do costume do turismo de massas, de fraco valor acrescentado. Deveríamos pensar mais no património, na criação artística e em tudo aquilo que nos permite ter um turismo de alto valor acrescentado e ter, acima de tudo, uma sociedade mais desenvolvida, mais exigente consigo mesma, mais informada e mais capaz de encarar o futuro", defendeu Rui Tavares.

O protesto está marcado para as 08h30, meia hora antes do início da audição do ministro da Cultura no Parlamento. A Ação Cooperativista pede que os manifestantes se vistam de preto e levem um lenço de outra cor, exceto branco.

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