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No número 91A da Avenida Miguel Bombarda, em Lisboa, o mundo real e o mundo de fantasia estão separados apenas por uma cortina preta. Entre ilusões de ótica e cenários que permitem trepar paredes, simular o Titanic ou até ficar-se pendurado numa asa de um avião, tudo é possível no Museu 3D Fun Art.
A ideia, pioneira em Portugal, surgiu em 2015, quando Lara Hein, a fundadora deste espaço, estava de férias na Tailândia. "Visitei um espaço que tinha um conceito idêntico a este, a partir daí começaram aqueles bichinhos e achei que era uma ideia gira porque não havia nada em Portugal. Comecei a estruturar o projeto e, finalmente, em 2019, abrimos o primeiro espaço no Funchal e, agora, mais recentemente, o ano passado, em junho, abrimos em Lisboa também", conta à TSF Lara Hein.
Agora numa "cidade maior" e "com mais turistas", a ideia que nasceu do outro lado do mundo vai de vento em popa, com um retorno "muito bom", quer da parte dos portugueses, quer dos estrangeiros que por aqui passam. De crianças "muito pequeninas" até pais e avós, todos conseguem divertir-se à grande neste universo de fantasia. "É muito giro ver a reação dos mais velhos, porque são aqueles que, à partida, não esperamos que eles se entreguem tanto e, na maior parte das vezes, deixam-se levar e entram na brincadeira. Às vezes até mais do que os pequeninos. Para mim é das experiências mais bonitas que consigo ver aqui dentro: a faixa etária mais idosa a deixar-se levar na fantasia e a entrar na brincadeira", afirma.
Ouça aqui a reportagem da TSF no museu 3D. Um trabalho com sonoplastia de Mariana Sousa Aguiar
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Mas, afinal, o que torna o museu 3D tão especial? Este não é o típico museu onde o objetivo é apenas observar o que está exposto. Pelo contrário, aqui a ideia "é as pessoas mexerem, participarem, tocarem, interagirem". São mais de 40 os cenários, em que aquilo que se pretende é "brincar com as imagens e ilusões de ótica". "A ideia é trazer o telemóvel ou a máquina fotográfica e interagir com os cenários que vamos apresentando."
Ilusões e muita diversão: uma visita guiada
Os cenários vão sendo trocados várias vezes durante o ano, especialmente em alturas festivas, como o Natal ou o Halloween, mas a essência é sempre a mesma: "Temos cenários inspirados naqueles quadros mais clássicos [como Van Gogh, Michelangelo ou Munch] ou imagens relacionadas com Lisboa. A intenção é as pessoas divertirem-se, passarem um bom bocado, tirarem umas fotografias engraçadas, chegarem a casa, olharem outra vez para o álbum das fotos e rirem-se mais um bocadinho. É descontrair." E para os mais novos, há também uma parte educacional, garante Lara Hein.

© Rita Chantre/Global Imagens
Assim que se entra pela cortina preta, colocada à entrada, somos confrontados com vários quadros de ilusões de ótica: caras invertidas, prismas que parece que se movimentam sozinhos ou um tabuleiro de xadrez que "influencia a maneira como vemos o mundo", afirma. E como se isto não fosse suficiente para se ficar confuso, há ainda um quadro em que o objetivo é "dizer as cores e não ler aquilo que está escrito". "Como o nosso cérebro processa primeiro a leitura, as pessoas engasgam-se ao tentar descrever as cores", explica. "Como é que é possível, não pode ser!", são as reações mais comuns do público que é desafiado a decifrar estas ilusões de ótica.

© Rita Chantre/Global Imagens
Ainda nesta primeira sala, há "uma versão moderna do Zootropo" em que a ideia é "conseguir criar uma animação. Quando rodamos o disco a partir das 28 rotações e temos a intensidade certa da luz, conseguimos ver o efeito dos peixinhos como se fossem um desenho animado".
Mais à frente encontra-se o "Quarto de Ames", uma sala que "cria a ilusão de que uma pessoa é grande e a outra é pequenina". "As pessoas posicionam-se onde estão as marcações no chão, no cantinho, e depois, sob o efeito da câmara, vai parecer que é um plano a direito e não inclinado."

Lara Hein (à esquerda) e Catarina (à direita) no Quarto de Ames
© Rita Chantre/Global Imagens
Antes de continuar a visita e descobrir o que está no piso de baixo, pode ainda fazer de conta que está no Titanic ou pendurado nas asas de um avião.
No piso inferior, há algumas imagens alusivas ao ioga, onde os visitantes podem ver o efeito de ficarem pendurados. E, apesar de ainda ser inverno, quem por aqui passa pode ser transportado para o verão e imaginar que está a surfar nas ondas. "Quanto mais descontraídos e criativos formos, mais engraçada é a experiência", garante Lara.

Lara Hein
© Rita Chantre/Global Imagens
E alguma vez se imaginou a trepar paredes? Aqui é possível: o truque é jogar entre o ângulo da máquina fotográfica e a forma como estamos posicionados.
Neste museu, há também um espaço onde pode também voltar aos tempos de infância: o quarto das sombras coloridas. Aqui, através de três focos de luz (vermelho, verde e azul), "conseguimos obter sete tons de sombras diferentes". "Se sobrepusermos as mãos, conseguimos ver o efeito e brincar às sombras, como fazíamos na infância."
Embora não tenha sido essa a ideia original, este é um conceito que "se espalha muito através das redes sociais" tendo em conta as tentativas de tirar "a melhor foto", uma tarefa que pode requerer "um bocadinho de ajuda" por parte dos "guias" deste espaço, que estão sempre disponíveis para "dar algum apoio quando é necessário".
Sendo o "primeiro" espaço deste género em Portugal, Lara Hein adianta que já tem planos para chegar até outros pontos da Europa.
Ficou com vontade de visitar este museu 3D? Então tome nota: o espaço está aberto de segunda a domingo, das 10h00 às 18h00, mas requer marcação prévia para que "todos consigam desfrutar" da experiência. As entradas custam 11 euros por adulto, sete euros para as crianças entre os 5 e os 12 anos e há ainda preços especiais para famílias e grupos a partir de cinco pessoas. Lara Hein deixa uma última sugestão: "Não venham sozinhos, tragam sempre companhia, porque a experiência torna-se muito mais divertida."