"Um Corpo que Dança": a história do Ballet Gulbenkian, por Marco Martins
Ballet Gulbenkian

"Um Corpo que Dança": a história do Ballet Gulbenkian, por Marco Martins

Vozes e imagens, tudo dança ao longo de duas horas. Das imagens de arquivo às vozes que testemunham a mudança e as mudanças, o filme de Marco Martins documenta os 40 anos do Ballet Gulbenkian, cabendo ali todo um país, "como se o ar do tempo" soprasse sobre os corpos e sobre as mentalidades. Citando as palavras de Filipa Mayer - bailarina durante uma década na Gulbenkian - "o Marco deixa um marco" e por isso lhe agradece o "belíssimo trabalho que inscreve a dança e a história do Ballet Gulbenkian na História de Portugal." A encomenda partiu da Fundação Calouste Gulbenkian, "Um Corpo que Dança" chega agora às salas de cinema.

1975, as imagens a preto e branco mostram bailarinos e bailarinas numa sala, ensaiando passos e gestos para uma plateia. Estão na fábrica das tintas Robbialac, em Sacavém, e mostram como e do que se faz a dança no país. A plateia, ao mesmo nível, é composta por homens e mulheres sentados e atentos aos movimentos e ao que se diz. A certa altura, lá atrás, perguntam o que fazer "para que as camadas do povo tenham acesso" à arte e ao espectáculo.

São imagens cirurgicamente resgatadas por Marco Martins aos arquivos da Fundação Calouste Gulbenkian, onde o realizador mergulhou quase um ano "em ritmo muito intenso".

Desta vez, forçado a parar a rodagem de um filme em Inglaterra, por causa da pandemia, Marco Martins deitou mãos à obra e ao convite que a Fundação já lhe tinha endereçado um par de vezes, cumprindo-se um desejo antigo de Jorge Salavisa, director artístico do BG entre 1977 e 1996. Contar a história do Ballet Gulbenkian, companhia incontornável na paisagem da dança em Portugal, entre 1965 e 2005 (ano da sua extinção).

Filipa Mayer, bailarina da companhia entre 1983 e 1993, uma das vozes/testemunho no documentário e o realizador Marco Martins dão-nos agora o prazer desta dança.

"A escrita está toda na montagem", conta na TSF o realizador, sugerindo a teia de relações criadas no ecrã "entre o que passa dentro do palco e do estúdio e o que se passa lá fora, no país. Umas vezes tudo parece distante, noutras tudo se junta, como se aquela arte fizesse parte daquele tempo".

O filme/documentário, a que prefere chamar filme "porque é outra liberdade", tem uma estrutura de capítulos, onde se marcam "as mudanças mais profundas." Dentro e fora da dança, antes e depois da revolução.

"Um Corpo que Dança", iniciativa da Fundação Calouste Gulbenkian, com produção da Vende-se Filmes, é muito mais do que a história daquela que foi a companhia de bailado mais importante do país. Aqui é todo um país que dança.

Mais Notícias

Outros Conteúdos GMG

Patrocinado

Apoio de