"Um festival cultural." Feira do Livro do Porto arranca com homenagem a Ana Luísa Amaral

Com cerca de 84 expositores e 130 pavilhões, a Feira do Livro do Porto conta com palestras, música e cinema. Em declarações à TSF, o responsável pela feira descreve o evento como um "festival cultural muito mais do que literário".

Com o tema "A Poesia como Grande Força Transformadora", arranca esta sexta-feira a Feira do Livro do Porto. O evento vai homenagear a poetisa Ana Luísa Amaral. A autora já era a convidada da Feira do Livro deste ano e estava bastante envolvida na programação da feira, mas morreu no início deste mês.

À TSF, Nuno Faria, diretor do Museu da Cidade e responsável pela Feira do Livro, conta que foram meses de preparação muito empolgantes em conjunto com a poetisa.

"Este ano convidámos a Ana Luísa, que aceitou com muito entusiasmo. Foi muito ativa e colaborámos nesta montagem. Infelizmente, a Ana Luísa adoeceu de forma inesperada e deixou-nos. Além da enorme tristeza que deixou, por um lado, o espírito desse programa é integralmente mantido, por outro lado, foi necessário fazer algumas alterações, porque a Ana estava muito envolvida, inclusive, com participação em várias das sessões de conversa. Repensámos o programa com alguns ajustes, mas, na essência, foi montado em conjunto com a Ana Luísa Amaral", afirma.

Inicialmente estava previsto que a poetisa desse uma palestra sobre Emily Dickinson, mas com a sua morte, o programa foi repensado. Em homenagem à autora, este fim de semana há palestras e a exibição de um documentário. Ana Luísa Amaral vai ainda dar nome a uma tília do jardim do Palácio de Cristal, onde decorre a Feira do Livro.

"O programa dedicado a Ana Luísa Amaral arranca na manhã de sábado com uma lição feita pela Maria Irene Ramalho, que é uma profunda conhecedora da obra de Ana Luísa Amaral, e depois à tarde, há uma sessão de auditório que se seguirá à atribuição da tília à Ana Luísa Amaral. A sessão de auditório terá um conjunto de especialistas, de amigos e cúmplices da Ana Luísa Amaral, primeiro com a projeção do documentário de Nuno F. Santos sobre a escritora e depois uma conversa moderada por Luís Caetano e que terá como participantes a professora Isabel Pires de Lima, Rosa Maria Martelo, Teresa Coutinho e também o próprio Nuno F. Santos", adianta Nuno Faria.

Nuno Faria destaca o percurso académico de Ana Luísa Amaral como professora de literatura, autora e tradutora, mas também como mulher dedicada a causas.

"Ana Luísa Amaral era uma pessoa com muitos talentos, foi uma professora de literatura muito influente, muito importante, que formou e inspirou muitas pessoas. Tinha uma vida académica densa e muito reconhecida. Foi uma poetisa com várias décadas de produção e edição. Nestes últimos anos tem sido alvo de um reconhecimento internacional muito grande, mas era também uma pessoa que defendia causas, era uma feminista convicta, defendia a causa 'queer', questões de género. Era uma pessoa muito presente na vida pública", relembra.

Esta edição da Feira do Livro do Porto vai contar com cerca de 84 expositores e 130 pavilhões. Há palestras, música e cinema, no que Nuno Faria descreve como um festival cultural.

"A Feira do Livro do Porto desde 2014 neste novo formato mais intimista não é uma grande feira neste contexto, que é um contexto único. Toda esta envolvente convoca uma atenção e um silêncio que prezamos muito. Por outro lado, é uma feira que tem os maiores grupos editoriais, mas é muito dominada pelos pequenos livreiros, pelos alfarrabistas, por projetos mais contidos. É um festival cultural mais do que literário", sustenta.

O modelo segue o dos últimos anos e o diretor estima que vai ser bom para o negócio dos livreiros e editores. A Feira do Livro do Porto começa esta sexta-feira e prolonga-se até 11 de setembro.

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