"Política de contradição." ACAP quer estudo de impacto antes do fim da venda de carros a gasóleo e gasolina

O secretário-geral da ACAP fala numa "política de contradição": obrigar à compra de carros elétricos quando continuam a circular carros muito velhos "que poluem muito mais".

Hélder Pedro, secretário-geral da ACAP - Associação Automóvel de Portugal, considera "prematura" a aprovação de um plano que impede a venda de novos veículos movidos a gasóleo ou a gasolina a partir de 2035.

Os 27 Estados-membros da União Europeia (UE) aprovaram na terça-feira à noite, medida pretende reduzir para zero as emissões de dióxido de carbono (CO2) dos automóveis novos a partir de 2035.

A ACAP defende que devia ser feito em 2028 "um estudo do impacto socioeconómico desta medida", já que se tratam de "metas muito mais ambiciosas" na UE do que no resto do mundo, "e que implicarão certamente um impacto na indústria de fabrico de automóveis e no fabrico de componentes".

"Estas são decisões políticas, tomadas unicamente com base em critérios políticos e não com critérios económicos", lamenta Hélder Pedro em declarações à TSF, considerando que se trata de uma decisão "apressada" para estabelecer metas "que podem ficar bem no papel mas que na prática terão custos elevados".

Além disso, "para a maioria das pessoas, há um problema de acessibilidade a esses bens: os veículos estão ainda acima do valor acima do que as pessoas normalmente compravam".

Hélder Pedro admite que Portugal "tem um parque automóvel muito envelhecido", com mais de um milhão e meio de veículos a circular com uma idade superior a 20 anos, com tudo o que isso implica de emissões".

"Não podemos ter uma política de contradição de querer eletrificar quando continuam a circular veículos que poluem muito mais do que os veículos novos", condena, defendendo que se adote em Portugal incentivos de apoio à renovação automóvel, à semelhança do que se fez em Espanha, França ou Itália.

Assegurando que "a indústria automóvel esta empenhada na total descarbonização até 2050", Hélder Pedro defende que "os poderes públicos têm de apoiar as pessoas com incentivo à compra desses veículos e assegurar uma rede de carregamento europeu", que ainda está "longe de atingir o que será o desejável no futuro".

A pedido de alguns países, a UE concordou em considerar dar 'luz verde' no futuro para tecnologias alternativas, tais como combustíveis sintéticos ou híbridos 'plug-in', se estas forem capazes de alcançar o objetivo de eliminar completamente as emissões de gases com efeito de estufa dos veículos.

O representante da ACAP apoia esta medida em detrimento da "imposição de uma tecnologia única".

Destaque também para "a posição muito positiva do Governo português", que em conjunto com outros quatro governos da UE tomaram uma "decisão bastante ponderada" de propor que o prazo seja adiado para 2040.

O primeiro-ministro justifica a posição com o investimento que a transição irá obrigar para as famílias europeias. "Aquilo que nós propomos é que passem a ser 90% de emissão. O que permite durante esses cinco anos ainda haver outro tipo de veículos", afirmou esta sexta-feira António Costa no final da reunião do Conselho Europeu, em Bruxelas.

"A generalidade das pessoas ainda tem veículos de combustão normal. Esse esforço de transição é enorme e vai pesar, sobretudo, sobre as famílias. É preciso ir preparando essa transição, porque isto vai exigir um esforço muito grande de toda a gente."

A data de 2035 para impedir a venda de novos veículos movidos a gasóleo ou a gasolina, embora ainda não oficial, está em consonância com aquela preconizada pelo Parlamento Europeu e pela Comissão Europeia, com quem os países terão de negociar as regras finais.

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