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O défice das contas públicas no segundo trimestre do ano ainda deverá ser muito negativo, e talvez até pior do que os 5,7% do Produto Interno Bruto (PIB) registados nos primeiros três meses do ano. A expectativa é do economista João Duque, que afirma que "tendo apenas em conta a execução orçamental do primeiro e segundo trimestres e a evolução do PIB nominal, ainda estou à espera de valores muito negativos, se calhar até piores, neste segundo trimestre".
Entre janeiro e março de 2021, com mais um confinamento geral devido à pandemia, o défice situou-se em 5,7% do Produto Interno Bruto (PIB), atingindo o valor de 2,8 mil milhões de euros.
Ouça aqui as declarações de João Duque
No segundo trimestre já não houve confinamento, mas João Duque sublinha que "em termos de execução orçamental, o que observámos foi um crescimento muito grande do saldo negativo entre as receitas e as despesas. Foi mais do dobro, entre o primeiro e o segundo trimestre. Isso significa um agravamento do défice".
"A boa notícia", ressalva, "é que o PIB em termos nominais cresceu bastante, e há um efeito compensador". A questão é: será que esse crescimento de 15,5% face ao período homólogo é suficiente para reduzir o défice em função do PIB?
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O economista entende que "já não estivemos como no segundo trimestre do ano passado, mas ainda a fazer face a muita despesa e a manter muito a economia de forma artificial". Duque recorda que no segundo trimestre "há muito apoio público, muito subsídio, muita medida de mitigação. Há um aumento significativo da despesa na área da saúde".
E tudo isto "ainda não tem compensação na receita, isso só se começa a verificar com grande pujança provavelmente agora, com o aumento da atividade económica, com os impostos indiretos, e o IVA a ser campeão - espero eu -, para no final do ano termos as contas melhores". "Ainda estou à espera de dados muito negativos neste segundo trimestre", conclui.