"Alerta e farol" para repensar o interior. Dielmar deixa 300 trabalhadores desempregados

Os problemas financeiros da empresa eram conhecidos, mesmo antes da crise provocada pela Covid-19, que agravou toda a situação.

A Dielmar entregou um pedido de insolvência na sexta-feira, que foi aceite pelo tribunal, dado os atrasos no pagamento a fornecedores. A empresa empregava 300 trabalhadores, que ficam agora com a vida em suspenso. O conselho de administração lamenta a decisão, e alerta para a necessidade de uma mudança de políticas para o interior.

A conhecida marca de vestuário com sede em Alcains, no concelho de Castelo Branco, era uma das principais empregadoras da região. Os problemas financeiros eram conhecidos, mesmo antes da crise provocada pela Covid-19, que agravou toda a situação.

A Dielmar era uma das principais marcas de vestuário masculino no segmento conhecido como têxtil dos famosos, contava com dez lojas próprias, além da fábrica em Alcains, e fornecia 25 mercados, com destaque para Espanha, Reino Unido e Brasil.

Uma das principais linhas da empresa foi a indumentária que vestiu a seleção nacional, no Euro 2016, que Portugal acabou por vencer.

A Dielmar, cem por cento portuguesa, nunca deixou o interior do país, apesar dos altos custos de produção. A administração, em comunicado, pede que este processo seja "o alerta e o farol" para uma mudança de políticas.

É preciso "repensar com caráter de urgência o interior"

"Talvez a insolvência da Dielmar seja o alerta e o farol para que possam repensar com caráter de urgência o interior e apoiar as indústrias que ainda aqui existem e que suportam, há décadas, a fixação das pessoas e a economia e equilíbrio social da região. E que proporcionam, sobretudo, oportunidades de trabalho para as mulheres", lê-se no comunicado.

A redução populacional no interior é um problema crónico, como provam os Censos deste ano, é por isso urgente fixar pessoas na região e apoiar as indústrias que suportam a economia local. A Dielmar pede medidas que "protejam o emprego e que os habitantes não tenham de sair da terra para trabalhar".

"Ficam a marca e o "know-how" da Dielmar, as instalações e os equipamentos fabris e a vontade de trabalhar destas gentes que - porventura com a "bazuca" que um dia certamente chegará à economia do interior para promover a retoma - possam ainda ter uma segunda oportunidade e dar mais 50 anos a este projeto empresarial", realça.

A administração da empresa acrescenta que a situação é insustentável, depois de 16 meses com as lojas fechadas. O Conselho de Administração, liderado por Ana Paula Rafael, garante, no entanto, que pagou sempre e pontualmente os salários dos trabalhadores.

"Foram longos e duros 16 meses e um esforço imenso e solitário da equipa Dielmar para conseguir fazer sobreviver a empresa nesta pandemia sanitária e económica e, sobretudo, para conseguirmos manter os atuais cerca de três centenas de postos de trabalho. Por isso, não podemos deixar de dar uma palavra de gratidão os nossos trabalhadores que estiveram sempre ao lado da empresa e do nosso lado, a lutar diariamente connosco pela sobrevivência da empresa, com um imenso empenho e dedicação", escrevem.

A empresa foi fundada em 1965 por quatro alfaiates da região. O sonho, lê-se no comunicado, chega ao fim 56 anos depois. Os trabalhadores têm um plenário marcado para esta segunda-feira às 15h00 à porta da empresa, em Alcains.

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