Aprovada nova audição a Vítor Constâncio na comissão de inquérito à CGD

Ex-governador do Banco de Portugal diz "não ter memória" de empréstimo de milhões a Berardo. Vai ter de voltar à comissão de inquérito.

Foi aceite o pedido para voltar a ouvir o ex-governador do Banco de Portugal, Vítor Constâncio, na II Comissão Parlamentar de Inquérito à Recapitalização da Caixa Geral de Depósitos e à Gestão do Banco.

O jornal Público teve acesso a documentação que comprova que o ex-governador do Banco de Portugal autorizou Joe Berardo a levantar 350 milhões de euros junto da CGD para comprar ações do BCP, banco rival, mas Vítor Constâncio omitiu esse facto perante a Comissão Parlamentar de Inquérito.

Conhecida esta notícia, o PSD, o CDS, o PCP e o Bloco de Esquerda acusaram Constâncio de mentir e manifestaram-se no sentido de o voltar a ouvir. A nova audição foi aprovada pelos deputados, avança o ECO.

A 7 de março de 2007 Joe Berardo fez chegar ao Banco de Portugal o pedido para reforçar a posição no BCP. Queria passar de uma participação de 3,99% para 9,99%, tornando-se, dessa forma, um acionista de referência no maior banco privado português.

Para financiar a operação, o empresário iria recorrer a um empréstimo contraído junto da Caixa Geral de Depósitos no valor de 350 milhões de euros, com a promessa de penhora dos títulos que viriam a ser adquiridos. Foram mesmo enviados os contratos de crédito que o empresário tinha firmado com o banco público.

A operação viria a ser aprovada 15 dias mais tarde, numa reunião do conselho de administração do Banco de Portugal, então presidido por Vítor Constâncio. Ao dar aval ao reforço da posição de Joe Berardo no BCP, o regulador não se opôs à forma de financiamento que iria suportar a compra de ações - o empréstimo de 350 milhões concedido pela Caixa, sem garantias reais.

Estes factos contrariam o depoimento prestado por Vítor Constâncio durante a audição realizada a 28 de março: o antigo governador afirmou que desconhecia qual a fonte do financiamento da operação de compra de ações do BCP.

"Claro que [o BdP] só tem conhecimento delas operações de crédito depois (...). Como é óbvio! É natural! Essa ideia de que [o BdP] pode conhecer antes é impossível!", exclamou, na altura, Vítor Constâncio.

Quando diretamente questionado por um internauta a propósito da notícia avançada pelo Público esta sexta-feira no Twitter, o antigo governador do Banco de Portugal reiterou que não se recorda de ter aprovado um crédito de 350 milhões de euros a Joe Berardo.

"Não me perguntaram sobre isto e ainda estou a investigar. Não tenho memória de algo deste género há 15 anos e normalmente o supervisor (enquanto instituição) não tem interferência em operações concretas desta natureza", respondeu Vítor Constâncio no Twitter.

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