Não há IVAucher de combustíveis que impeça os portugueses de ir a Espanha abastecer. O desconto português de 10 cêntimos por litro não supera os "20 a 30" que lucra quem atravessa a fronteira para encher o depósito. E, do lado de cá, os postos resignam-se. "Aqui não temos como combater a Espanha. Estamos sempre a 20 e a 30 cêntimos de diferença de um lado para o outro. O gasóleo hoje [ontem] estava lá a 1,34 euros e aqui a 1,59. Não há hipótese", afirma José Luís Silva, que gere um posto de abastecimento, junto à Estrada Nacional 13, à entrada da cidade de Valença.
O empresário conta que "quando a fronteira esteve fechada (no confinamento) trabalhou-se muito". "Faturávamos à volta de 10 mil euros por dia. Agora fazemos mil euros. E ao fim de semana é uma miséria, setecentos, setecentos e tal", adianta, considerando que agora "não há IVAucher que faça os portugueses parar" na sua bomba.
Revela, de resto, desconhecimento sobre como funciona o desconto nos combustíveis determinado pelo Governo e defende que devia haver mais informação sobre o assunto. "Os clientes falam, mas ninguém sabe como é. Eu também não sei se é para toda a gente, se é só para os mais pobres. Há pouca informação. Isso devia ser mais divulgado até mesmo na televisão", refere, considerando que "mesmo que venha, o desconto não adianta nada". "Acho que o Governo com esta medida...para já as pessoas têm direito a 50 litros, que é o que está a falar o Senhor Costa na televisão. Não sei, para os mais carenciados, há gente que anda pouco de carro, mas para aqueles que trabalham nas fábricas e que andam para trás e para a frente isso não dá nada. Acho que não vão perder tempo com isso", comenta.
Hugo Moreira, residente em Valença, afirma que o IVAucher "não lhe interessa". "Não vou aderir ao IVAucher. Faço tudo em Espanha e o nosso Governo para dar de um lado vai tirar de outro. Não é benefício nenhum. Se queriam dar, baixavam 10 cêntimos ao combustível", diz, concluindo: "Acho esta medida, juntamente com muitas outras que o Governo toma, uma estupidez. Mais vale baixar o combustível e ao menos não íamos abastecer ao lado de lá".