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O BPI disse esta sexta-feira que tem cerca de dois mil créditos à habitação de clientes elegíveis para reestruturação ao abrigo do regime legal que facilita a revisão dos empréstimos penalizados pelo aumento das taxas de juro e que já chegou a acordo com 25% destes.
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Na conferência de imprensa de apresentação das contas de 2022, hoje em Lisboa, o presidente do banco, João Pedro Oliveira e Costa, disse que um terço da carteira de crédito à habitação é abrangida pelo decreto-lei que permite a clientes afetados pela subida das taxas de juro negociarem os créditos em melhores condições e que, para já, dos clientes que contactaram o banco, há dois mil contratos de crédito elegíveis para reestruturação pelo novo decreto-lei.
"Até agora, e acredito que esta situação venha a agudizar-se - e nós preparamos uma máquina interna para dar uma resposta muito acima da procura que estamos a ter -, tivemos 1% da carteira de clientes que contactaram o banco e que são elegíveis", correspondendo aos dois mil identificados. ""Destes 1%, já acordamos com 25%" uma solução.
Ouça a reportagem de José Milheiro.
Acrescentou, contudo, que mesmo nos restantes casos o banco tem soluções para apresentar aos clientes, propondo desde logo soluções padrão como carência de capital durante um ano e aumento da maturidade do contrato. "Vamos responder a 100% dos clientes que nos abordarem", garantiu.
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Entre "70% a 75% das soluções são dadas pelas padronizadas, a outra parte é na mesa de negociações com personalização e cuidado acrescido", afirmou.
Segundo o presidente do BPI, o banco "não tem qualquer intenção de executar qualquer crédito, só em caso extremo".
Segundo Oliveira e Costa, a amortização antecipada dos créditos aumentou 25% no último trimestre face aos períodos anteriores (clientes com poupanças aproveitam para pagar crédito de uma vez e pouparem nos juros) e afirmou que se nota já menor procura de crédito à habitação e que é provável que continue e se acentue no resto do ano.
O novo Plano de Ação para o Risco de Incumprimento (PARI) força os bancos a renegociarem os créditos à habitação de clientes com dificuldades a fazerem face ao aumento das prestações devido às altas taxas de juro.
O BPI anunciou hoje lucros consolidados de 365 milhões de euros em 2022, mais 19% do que no ano anterior, divulgou hoje o banco.
No ano passado, o produto bancário comercial aumentou 14% para 873 milhões de euros, com a margem financeira do BPI a subir 20% para 548 milhões de euros. As comissões líquidas cresceram 3% para 296 milhões de euros.
Os custos aumentaram 4% para 445,6 milhões de euros, com a despesa com pessoal a subir 3% para 238,4 milhões de euros.
Os depósitos aumentaram 5% em 2022 para 30,3 mil milhões de euros e o crédito subiu 6% para 29,2 mil milhões de euros.
O crédito à habitação cresceu 8% para 14,2 mil milhões de euros e o crédito a empresas 4% para 10,9 mil milhões de euros. O rácio do crédito malparado era de 2% no final do ano passado.
No final de 2022, o banco tinha 4.404 trabalhadores, menos 74 do que em 2021, e 278 balcões, menos 10 face a 2021.