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Entrou numa fase mais dura a luta dos estivadores do porto de Lisboa. A partir desta segunda-feira passa a greve total. O presidente do Sindicato dos Estivadores e da Atividade Logística (SEAL), António Mariano, explica que até ao momento havia empresas a fazer greve parcial e outras total, mas a partir de agora todas as empresas de estiva de Lisboa entram em paralisação total até ao final do mês.
"Empresas do porto de Lisboa querem precarizar o trabalho"
A greve começou a 19 de fevereiro e apesar de não ter dados concretos, António Mariano sabe que tem afetado o normal funcionamento das operações portuárias.
Ouvido pela TSF, o presidente do SEAL acusa todas as empresas a operar no porto de Lisboa de promoverem despedimentos coletivos, através do recurso à criação de empresas fictícias, e pede ajuda ao Governo para mediar as negociações.
Em 20 de fevereiro, a A-ETPL, empresa de cedência de mão-de-obra às sete empresas de estiva do Porto de Lisboa, informou que ia pedir a insolvência devido à situação financeira em que se encontrava.
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"A A-ETPL, reunida em assembleia-geral, decidiu pedir a insolvência da associação, face à situação financeira em que esta se encontra, e face à impossibilidade de encontrar soluções para a sua viabilização com o sindicato representante dos trabalhadores", referia em comunicado enviado à Lusa.
Os estivadores do Porto de Lisboa, que este ano só receberam ainda uma prestação de 390 euros dos salários que lhes são devidos pela A-ETPL, iniciam um greve total que se prolonga até 30 de março, decisão que foi tomada em plenário de trabalhadores depois de ser conhecida a intenção das empresas de estiva de Lisboa de pedirem a insolvência da A-ETPL.
No passado dia 25 de fevereiro, a organização mundial de estivadores (IDC-International Dockworkers Council) exigiu uma intervenção do Governo português "para repor a legalidade dos acordos em vigor e forçar os patrões portuários a pagarem os salários em atraso aos estivadores de Lisboa".
O IDC, que representa cerca de 140.000 estivadores em centenas de portos de todo o mundo, garantiu ainda que os estivadores do Porto de Lisboa não vão caminhar sozinhos nesta luta e deixou claro que iria tomar medidas contra o diz ser a postura antissindical do grupo Yilport.
"Deixamos claro que estamos dispostos a tomar medidas nas centenas de portos onde estamos presentes, para bloquear a ação danosa das empresas, nomeadamente do Grupo Yilport e da sua reconhecida postura antissindical que, tal como em exemplos anteriores, atinge agora a vida e a dignidade dos estivadores portugueses", lê-se num comunicado publicado na página oficial do IDC.