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Durão Barroso, antigo primeiro-ministro e antigo presidente da Comissão Europeia, acredita que, mais cedo ou mais tarde, Portugal terá de pedir mais fundos a Bruxelas, a somar-se aos 13,9 mil milhões previstos do Plano de Recuperação e Resiliência. Entrevistado na noite de terça-feira, na TVI24, Durão Barroso considerou que a crise será mais grave que o que está atualmente estimado.
Sobre a chamada "bazuca" injetada em Portugal, o antigo presidente da Comissão Europeia sustentou: "Quando foi desenhada, Portugal estava melhor relativamente do que está agora, mas vai haver uma revisão no final de 2021." Neste momento, estão garantidos quase 14 mil milhões de euros, mas Durão Barroso espera que Portugal "venha a conseguir mais, porque infelizmente os custos da pandemia vão ser maiores em Portugal do que em muitos países".
O antigo primeiro-ministro explica: "Temos setores que estão mais expostos. É o caso do turismo, que é tão importante para Portugal e era dos setores que estava a crescer mais." Além do turismo, Durão Barroso elenca as atividades associadas, a restauração e os restantes setores "da hospitalidade".
Durão Barroso também aproveitou o espaço de entrevista para reforçar o alerta já deixado por António Guterres: os países mais ricos terão necessidade de ajudar os menos desenvolvidos, de forma a completar a vacinação contra a Covid-19. Caso contrário, replicou, o vírus voltará para os assombrar.
O antigo primeiro-ministro e antigo presidente da Comissão Europeia avisa que não se trata de um "slogan", mas de uma ideia importante, para repetir: "Ninguém estará a salvo até todos estarmos a salvo, porque o vírus não pára nas fronteiras." Por isso, o antigo líder de Governo não tem dúvidas de que, "quanto mais tempo demorar a vacinação em geral, maior número de variantes haverá, e maior é o risco de reinfeções". Enquanto o coronavírus circular, haverá sempre possibilidade de eclosão de surtos.
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Apesar de reconhecer que "tem havido nacionalismo", o presidente da Aliança Global Para as Vacinas defende uma "vacinação tão generalizada quanto possível", assente na "perspetiva de solidariedade", não só "por uma questão elementar de justiça, de moral", mas também para assegurar a defesa da segurança dentro do território de cada país.
"O dever de cada primeiro-ministro é, em primeiro lugar, defender as suas populações", admitiu Durão Barroso, questionado sobre o dilema com que cada Governo se tem confrontado. Mas o líder da Aliança Global Para as Vacinas defende ser necessário pensar em "partilhar o excesso", e dá o exemplo do Reino Unido, que já tem 400 milhões de doses de vacina - para uma população de 60 milhões de pessoas - e anunciou que irá proceder à partilha.
Para já, analisa, não tem havido muita partilha, essa palavra tão necessária para conter a pandemia mais rapidamente. "Haverá vacinas para toda a gente. A questão é chegar ao tempo da distribuição", remata.
