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A TAP funciona apenas para Lisboa e esquece o resto do país. A acusação é da Câmara Municipal do Porto. No Fórum TSF, o vereador responsável pelos pelouros da Economia e do Turismo lamentou que a companhia aérea se concentre em servir apenas a região de Lisboa.
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Ricardo Valente nota, que no resto do país, o peso da TAP é insignificante. "É um completo desinvestimento do ponto de vista daquele que é o posicionamento da TAP, em relação ao Porto e Norte, portanto a TAP claramente demonstra que é uma companhia centrada numa operação no aeroporto de Lisboa", assinala.
"Os dados que são divulgados, do ponto de vista do peso ridículo da TAP no nosso aeroporto Francisco Sá Carneiro, demonstram isso: um peso de 10%. Mas, se nós olharmos para outros aeroportos do país... 3% em Faro, 11% em Ponta Delgada, 20% no Funchal..."
São métricas que levam o vereador da Câmara Municipal do Porto a analisar que "a TAP é uma companhia do aeroporto de Lisboa".
Ouça as críticas de Ricardo Valente.
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Ricardo Valente explica também que a falta de investimento da TAP na região Norte acarreta custos económicos para as empresas e para o setor do turismo. O representante camarário lamenta que a companhia aérea se revele um fator negativo e não de valorização: "Toda a gente percebe que isto cria custos de contexto elevadíssimos do ponto de vista das empresas que são enormemente exportadoras aqui no Norte, que não têm conexões aéreas e têm de fazer a ligação para Lisboa para fazerem voos internacionais."
"A partir do momento em que nós temos uma base de oferta de conexões muito assente em low cost, significa que nós temos horários que não são os adequados para o business, e temos aeroportos que em muitos casos também não são os adequados para aquilo que é o business. Temos cada vez mais uma especialização desta lógica de low cost, que cria custos de contexto de atratividade."
Ricardo Valente aponta ainda um claro efeito nos voos de longo curso, "que claramente são relevantíssimos do ponto de vista, quer de estratégia económica, quer de estratégia hoteleira e turística para a região".
Também António Pina, presidente da Câmara algarvia de Olhão, tem críticas a dirigir. O autarca alerta que o desinvestimento da empresa na região mais turística do país é crónica.
Reeleito em setembro, António Pina considera, no entanto, que este não é o momento certo para pensar na reestruturação da companhia aérea. "Temos de ter razoabilidade. Não vale a pena estarmos sempre a dizer a mesma coisa, e nesta fase em concreto. Não podemos também pedir que seja agora, quando a TAP está quase a transformar-se numa companhia de aviação de transportes submarinos, isto é, debaixo de água, que faça toda essa transformação."
António Pina pede, apesar de tudo, alguma razoabilidade e calma.
De acordo com António Pina, a pandemia ainda vem agudizar estes desafios, já que numa semana tudo muda em termos de restrições e de destinos e rotas possíveis."É preciso ter calma, é preciso esperar o momento certo. As críticas são justas, a TAP, durante anos, desde sempre, aliás, nunca serviu o Algarve."
O presidente da Associação Empresarial de Portugal é outra das vozes que diz não querer que a TAP se transforme numa transportadora que sirva apenas a região de Lisboa. Luís Miguel Ribeiro sustenta que o desafio é fazer da empresa uma verdadeira companhia de bandeira: "É importante olhar para o país como um todo e olhar para a TAP como uma companhia de bandeira e uma companhia que é suportada, que é paga pelos impostos de todos os portugueses e, em grande parte, pelos desta região do Norte do país."
Luís Miguel Ribeiro considera que a TAP deve servir o resto do país.
Na quarta-feira, o Presidente da República defendeu que os candidatos às próximas eleições deveriam clarificar a sua posição relativamente a TAP de modo a não haver surpresas no decurso da legislatura.