Fitch mantém nota da dívida de Portugal dois níveis acima de lixo

Agência de notação financeira não alterou o rating da dívida lusa. Perspetiva também se mantém.

A Fitch decidiu não alterar a nota da dívida portuguesa, mantendo-a em "BBB", dois níveis acima do patamar considerado de investimento especulativo, vulgarmente designado de nível lixo.

A agência também não alterou a perspetiva, mantendo-a estável. A perspetiva ("outlook") é uma indicação sobre possíveis revisões futuras do rating.

A casa de notação financeira escreve em comunicado que o rating de Portugal "equilibra seus pontos fortes institucionais, e de rendimento per capita acima dos pares da mesma categoria daquele nível de avaliação contra altos níveis de dívida pública.

Os especialistas acrescentam no entanto que a perspetiva estável "reflete a convicção de que, após a forte alta do ano passado, a dívida retornará à trajetória de queda, sustentada por melhores perspectivas de crescimento, condições de financiamento favoráveis e compromisso do governo com a cautela orçamental".

A Fitch calcula que a economia portuguesa cresça 3,5% em 2021 (menos do que os 4% estimado no Programa de Estabilidade) e 4,1% em 2022, e nota que essa é "uma recuperação menor do que a da zona euro (4,7% em 2021 e 4,5% em 2022)", o que reflete "em grande medida os pressupostos da Fitch para o turismo internacional, onde não se espera uma recuperação aos níveis de 2019 para Portugal até 2023".

Esta previsão "também implica uma recuperação mais lenta do mercado de trabalho, onde o emprego no turismo é elevado (21% do emprego total em 2019). Por isso, a Fitch prevê que a taxa de desemprego de Portugal aumente para 7,3% em 2021 (em 2020 atingiu 6,9%), antes de diminuir para 6,7% em 2022, mas mantendo-se acima dos níveis pré-pandemia (6,5% em 2019).

A Fitch nota a importância do Plano de Recuperação e Resiliência, mas lembra que o histórico luso na aplicação de fundos europeus é "misto", dado que "embora a taxa de absorção de fundos tenha melhorado ao longo do tempo, os níveis de investimento de Portugal são baixos para os padrões europeus".

A agência prevê que o défice em 2021 seja de 5,3%, superior aos 4,5% estimados pelo governo, baixando em 2022 para 3,4%.

A Fitch realça a importância das moratórias bancárias, mas lembra que o uso abrangente da medida "significa que a qualidade dos ativos dos bancos pode sofrer alguma deterioração ao longo do próximos 12 a 18 meses".

Das principais economias europeias com moratórias, Portugal apresentava a proporção mais elevada de recurso à medida no final de março de 2020 (21% do crédito bruto a particulares e empresas).

Por isso, a casa de notação financeira espera que, após o fim das moratórias em setembro deste ano, o rácio de crédito malparado do setor bancário aumente gradualmente, atingindo potencialmente um pico de cerca de 9,0% em relação a cerca de 5,0% no final de 2020.

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