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As panificadoras no Alentejo já sentem os dias de crise perante o conflito na Ucrânia. Com a subida do preço da farinha e do gasóleo, avisam que terão de fazer refletir os aumentos no consumidor final, numa altura em que o pão continua a ser distribuído sem previsão de restrições. Pelo menos até ver.
Enquanto o laminador estica a massa, Hélder Arguelles lamenta os tempos de incerteza que estão a marcar a vida da panificadora que gere, em Arronches. Recorda que ao longo dos anos os preços dos produtos "já subiram e desceram" muitas vezes. "É o mercado a funcionar. A questão agora é a percentagem das subidas. Não há uma estabilização. Ninguém sabe o que poderá acontecer", refere.
Ouça a reportagem da TSF em Arronches.
Até porque, recentemente, já ocorreu um episódio invulgar que agravou o receio do empresário, depois de uma multinacional ter falhado o fornecimento de farinha. Nunca tinha acontecido. "Isso é que assusta. Perante os preços, nós contratamos pessoas, dispensamos pessoas, minimizamos os custos. Mas sem produto é que não há trabalho", afirma.
Hélder Arguelles revela que os silos até estão cheios, pelo que a falha do fornecedor não teve qualquer impacto na produção. O problema é a leitura que o empresário faz perante um horizonte que se perfila sombrio. "Quando um pequeno produtor falha a entrega de requeijão, nós compreendemos. Mas quando uma multinacional falha deixa-nos assustados", insiste.
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A panificadora Arguelles detém uma frota de seis viaturas e emprega 17 pessoas. Distribui pão, bolos e salgados num raio de 50 quilómetros, entre Portalegre, Elvas e Badajoz. Para já não lhe passa pela cabeça suprimir algumas rotas, mas se a crise for mais funda terá que "fazer as contas".
Para já, assume que perante a subida dos preços do gasóleo e da farinha terá que fazer refletir os custos no consumidor final. "Já sabemos que, infelizmente, é sempre ele quem paga", conclui.