Hipótese de apagão é real. "Governo deve ter plano para cortes pontuais de eletricidade"

É um cenário extremo, mas "infelizmente não pode ser afastado" o corte de fornecimento do gás russo e um inverno com pouca chuva. Se assim for, António Pinheiro, professor do Instituto Superior Técnico e especialista em hidráulica, adverte que devem ser decretados cortes pontuais de eletricidade "para não chegarmos a um apagão".

O Plano de Poupança de Energia, apresentado esta semana, é bem visto, mas pode não ser suficiente. "O nível de reservas mínimas nas barragens pode depois discutir-se, mas é prudente e fundamental haver reservas para produção de eletricidade", alerta o engenheiro António Pinheiro. O problema é se, ao contrário do que se espera, os próximos meses não trouxerem chuva em abundância. Nesse cenário, Portugal tem poucas alternativas após o encerramento da última central de produção de energia a carvão e sem a hipótese de importar eletricidade de Espanha, como aconteceu em anos anteriores por dificuldades idênticas do lado de lá da fronteira.

Perante uma rutura no fornecimento de gás, "acreditar que chove não é propriamente uma boa ideia. Pode chover, mas nada nos garante que será o suficiente", adverte António Pinheiro. Sem essas reservas estratégicas de água para produzir eletricidade, "o país fica mais vulnerável".

O professor avança, por isso, com a hipótese de se ir mais longe na prevenção e criar um "plano para cortes pontuais de eletricidade, para não chegarmos ao apagão". E onde começar por cortar? António Pinheiro admite que não serão decisões fáceis, "mas o governo deveria pensar no assunto e avançar" com cortes, por exemplo, durante algumas horas por dia, e isto mais cedo do que tarde.

Tudo isto pressupõe um corte do fornecimento de gás por parte da Rússia e acontece numa altura em que a seca está a levar Espanha a cortar a passagem de alguma água para o lado português.

António Pinheiro recomenda cautela e, antes de se avançar para uma renegociação da Convenção de Albufeira, "é preciso termos estudos atuais e precisos sobre as disponibilidades dos caudais e das diferentes necessidades de água no nosso país". De caminho, o governo "também poderia reativar, mesmo que provisoriamente, a produção de energia a carvão na Central do Pego".

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