Investigação, dados e um "fiambre de pescado". Gerar riqueza através do mar é "uma corrida de fundo"

Secretário-geral da Fórum Oceano garante que milhões do PRR permitem reduzir os custos de contexto das empresas e abrir caminho à inovação e diversificação de negócios, com potencial de criação de emprego e atração de investimento estrangeiro.

Perdeu o Ministério com o novo Executivo de António Costa, mas é uma das seis "áreas estratégicas" de intervenção previstas no Programa de Recuperação e Resiliência (PRR). "O mar é uma fonte de recursos imensa", garante Ruben Eiras, secretário-geral da Fórum Oceano - Associação da Economia do Mar, considerando os 252 milhões de euros de investimento previstos "um bom impulso" no desenvolvimento de uma área estratégica para o país.

"O mar, embora não seja habitável, é uma fonte de recursos imensa. É, efetivamente, um mega setor, porque é um setor feito a partir de outros setores: pesca, aquacultura, transportes, portos, turismo, sem esquecer a dimensão de defesa", explica. Recursos que, para o responsável da Fórum Oceano, têm "um enorme potencial de investimento", apesar das dificuldades.

"O mar é o ambiente, depois do espaço, mais hostil ao homem e à operação humana", afirma Ruben Eiras, garantindo que "essa característica faz com que, qualquer investimento que se faça no mar, seja um investimento de elevadíssimo risco".

Os riscos de qualquer operação tornam o mar menos apetecível para as empresas, daí que, no entendimento do especialista, "o foco das políticas públicas" deva estar, precisamente, "na redução dos custos de contexto" dos investimentos. Exemplo disso é a chamada "rede de hubs azuis", prevista no PRR, ou seja, "centros de infraestruturas de prototipagem, de criação de tecnologia, com espaços para instalação de empresas, que vão ter acesso a serviços de inovação", explica Ruben Eiras. "E isto é muito importante porque permite que as indústrias do mar consigam ter as mesmas dinâmicas de inovação que levaram o nosso calçado e o nosso vestuário a chegar onde estão agora", acrescenta.

São 87 milhões de euros para dedicar sobretudo à inovação. Um impulso que "exige fôlego", admite o especialista. "Não vai ser um processo rápido. O mar é uma maratona e uma corrida de fundo", assevera o secretário-geral da Fórum Oceano. O mais rápido a produzir riqueza pode ser o setor alimentar, através do processamento do peixe a bordo ou da criação de novos produtos, como, por exemplo, uma espécie de fiambre produzido de proteína de pescado, criando novos hábitos alimentares com uma "alimentação mais saudável e muito mais baixa em termos de emissões de carbono". Exemplos de novos modelos de negócio, com capacidade para gerar emprego e captar investimento estrangeiro, a que se juntam as tecnologias de defesa, a conectividade digital e o armazenamento de dados através do porto de Sines, considerados "um dos petróleos do século XXI".

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