Jovens portugueses são "bastante qualificados", mas mercado "não é capaz de os absorver"

O Pacto Mais e Melhores Empregos para os Jovens quer ter mais 19% de jovens nos quadros até 2026. O tema subiu a debate no Fórum TSF.

Cinquenta empresas que trabalham em Portugal vão assinar, esta tarde, um pacto para criar emprego jovem. O objetivo é ter mais 19 por cento de jovens nos quadros até 2026. No Fórum TSF, o presidente do Conselho Económico e Social acredita que este pacto vai funcionar.

"Estou convencido que estas empresas têm mesmo condições", diz. "Estive, no início da semana, num encontro com empresários da área da cortiça, que é um setor onde os salários que o salário mínimo é muito superior ao salário mínimo nacional, porque é um setor de sucesso, fortemente exportador, que se modernizou do ponto de vista tecnológico e do modelo organizacional, e está em condições de pagar melhores aos seus trabalhadores", exemplifica.

Francisco Assis sublinha que, apesar das qualificações dos jovens, o mercado de trabalho em Portugal não consegue dar resposta.

"Todas as pessoas que acompanham a nossa vida social e económica percebem que esse é um dos maiores problemas do país. Temos hoje jovens bastante qualificados em várias áreas, mas depois temos um mercado de trabalho que não é capaz de absorver devidamente esses jovens, porque a nossa economia também não teve uma transformação de tal ordem que fosse capaz de lhes garantir uma remuneração compatível com o seu nível de formação", explica o presidente do Conselho Económico e Social.

"É natural que, estando nós inseridos no espaço europeu e de liberdade de circulação, esses jovens procurem outros países onde podem obter empregos com melhores remunerações e muito melhores condições de trabalho do que em Portugal", considera.

Já no entender de Hugo Vieira, vice-presidente da Associação Nacional dos Jovens Empresários, é preciso que algo mude, porque o país não está a aproveitar os jovens formados.

"Temos que fazer uma transição 'suave' entre aquilo que são os líderes das maiores empresas em Portugal e das PME's. Muitos deles estão há mais de 30 anos à frente de uma empresa e ainda têm conceitos de gestão 'ultrapassados'. Em muito casos, não é possível pagar mais ordenados pela carga fiscal que opera sobre as empresas na questão do trabalho", explica.

O ISCTE vai fiscalizar o funcionamento deste pacto. Também ouvido no Fórum TSF, Paulo Marques, do departamento de economia política do ISCTE, sublinha que entre as 50 empresas só uma é do setor do turismo.

"Para absorvermos esta geração mais qualificada, para lhes darmos bons salários, uma perspetiva de vida e de carreira, temos que fazer crescer os setores que querem desenvolver essa estratégia", defende.

"Só há uma empresa do setor do alojamento, restauração e similares, que é a Douro Azul. Tendo em conta o peso que este setor tem na economia portuguesa, é necessário fazer um apelo para que também aposte um pouco em salários mais altos, mais estabilidade, porque se não isso é um grande desapontamento. Dá uma contribuição boa para o PIB, mas ao nível da qualidade de emprego é muito pouco", refere.

O Pacto Mais e Melhores Empregos para os Jovens, promovido pela Fundação José Neves e pelo Governo, estipula que as empresas se comprometem, até 2026, "a reforçar a aposta em diversos indicadores, nomeadamente a contratar e a reter jovens trabalhadores, a garantir emprego de qualidade para os jovens, a formar, desenvolver e a dar voz aos jovens".

Entre as 50 empresas incluem-se a Altice, a Bial, o BPI, a Brisa, os CTT, a EDP, a Galp, a NOS, a REN, o Santander, a SIBS ou a The Navigator Company.

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