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A têxtil Coelima, no concelho de Guimarães, apresentou-se esta quarta-feira à insolvência, na sequência da quebra de vendas "superior a 60%" provocada pela pandemia e da não aprovação das candidaturas que apresentou às linhas de crédito Covid-19.
O presidente do Sindicato Têxtil do Minho e Trás-os-Montes, Francisco Vieira, afirma que os cerca de 250 trabalhados, alguns com quase trinta anos de serviço, foram apanhados de surpresa.
A notícia do pedido de insolvência da Coelima caiu como "uma verdadeira bomba", diz à TSF.
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A situação só não é totalmente imprevisível para o sindicato porque este tem vindo a "acompanhar o funcionamento e a gestão da empresa ao longo dos anos", diz Francisco Vieira, que responsabiliza o presidente do conselho de administração, Artur Soutinho, pela situação da Coelima. "Eu próprio lhe perguntei se vinha com a posição de coveiro, porque estava a fazer tudo ao contrário", reforça.
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O presidente do Sindicato Têxtil do Minho e Trás-os-Montes, que é também trabalhador da empresa, mantêm a esperança de que seja encontrada uma solução para a empresa têxtil.
A partir de segunda-feira serão realizados plenários, por turnos, para informar os trabalhadores sobre o processo. Até lá, ressalva Francisco Vieira, ninguém pode parar: há "encomendas, compromissos e muito trabalho a fazer".
O vereador do desenvolvimento económico da câmara municipal de Guimarães, Ricardo Costa, não compreende este pedido de insolvência, já que "a empresa é viável" do ponto de vista económico.
A autarquia vai fazer tudo o que estiver ao seu alcance para salvar a Coelima, assegura, em declarações à TSF. "Se há mercado, se há clientes, se há fornecedores, temos de perceber qual o caminho a percorrer para reestruturar financeiramente a empresa."
Por sua vez, o presidente da Associação Têxtil e Vestuário, Mário Jorge Machado, sublinha que a Covid-19 colocou muitas dificuldades às empresas, mas a notícia desta insolvência surge numa altura em que o setor do têxtil para o lar vive dias de recuperação.
"O que está acontecer na Coelima é um pouco em contraciclo daquilo que está a acontecer no mercado têxtil-lar", aponta.
Mário Jorge Machado acredita que a Coelima vai conseguir ultrapassar um momento difícil, tal como já aconteceu no passado.
A operar há quase 100 anos na freguesia de São Jorge de Selho, concelho de Guimarães, a Coelima reintegra o grupo MoreTextile, que em 2011 resultou da fusão com a JMA e a António Almeida & Filhos e cujo acionista principal é o Fundo de Recuperação gerido pela ECS Capital.
Depois da restruturação realizada ao longo dos últimos anos, a Coelima esteve perto de ser alienada em março do ano passado, mas a operação acabou por não avançar, num contexto de incerteza gerada com a pandemia.
Notícia atualizada às 12h20