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Com o aumento dos custos das matérias-primas, materiais de engarrafamento e transportes, a Associação Nacional dos Comerciantes e Exportadores de Vinhos e Bebidas Espirituosas (ANCEVE) alerta para o risco de falência de "inúmeros pequenos e médios produtores de vinho".
Dos rótulos às rolhas, passando pelas caixas de cartão, estes produtores não estão a conseguir fazer face ao aumento exponencial dos custos, explicou à TSF o presidente, Paulo Amorim. "A situação é dramática", lamenta o representante do setor, que apela ao Governo para que agilize, com urgência, um plano extraordinário de apoio.
Ouça as declarações de Paulo Amorim
Os produtores queixam-se ainda de que os apoios anunciados pelo Governo não estão a chegar à economia real.
Paulo Amorim acusa mesmo a tutela de falta de rumo, e de força política para impedir as cativações de verbas destinadas à vinicultura: "O ministério não tem tido força política para obviar a que os colegas das finanças façam cativações de milhões de euros. Há valores foram pagos com taxas do setor, e que deviam ser utilizados para a promoção internacional dos vinhos portugueses e que o Governo acaba por cativar. A tutela encontra-se sem rumo e sem estratégia."
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O presidente da ANCEVE pede um "plano de emergência"
O mercado destes pequenos produtores, explicou o responsável, é maioritariamente concentrado na restauração. Há pouca exportação. Neste cenário, torna-se ainda mais difícil fazer repercutir o aumento dos custos de produção no preço de venda, uma vez que à margem do produtor se juntam as margens da restauração, aumentando de tal forma o preço de uma garrafa de vinho que faria cair drasticamente a procura.
Ou seja, os produtores estão, neste momento, a absorver sozinhos a maior fatia do aumento dos custos, a que acresce o facto da maior parte dos fornecedores ter passado a imputar aos produtores o custo do transporte - que antes estava incluído nos preços - e a exigir que o pagamento seja feito contra entrega, ao contrário do que acontecia até aqui.