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As medidas restritivas aplicadas durante o Natal e o Ano Novo resultaram em cancelamentos em mais de 80% das empresas de alojamento e restauração, anunciou esta terça-feira a Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP), que pede mais apoios.
"Segundo os resultados do mais recente inquérito da AHRESP sobre o Natal e o Fim de Ano, as recentes restrições levaram a que mais de 80% das empresas tenham sido impactadas com cancelamentos", refere a associação em comunicado divulgado esta terça-feira.
De acordo com a AHRESP, a obrigatoriedade de apresentação de certificado digital de vacinação para restauração e alojamento e testes para bares e discotecas, levaram ao cancelamento de reservas em 88% dos estabelecimentos, enquanto 83% das empresas de alojamento turístico registaram cancelamentos.
O inquérito da AHRESP acrescenta ainda que no setor da restauração e bebidas 20% das empresas registaram quebras de faturação superiores a 50% em dezembro face ao mesmo mês de 2020.
O documento aponta ainda que 47% das empresas admitiram não ter conseguido acumular reservas financeiras nos meses de verão e que 44% conseguiram, "mas já tiveram de as utilizar".
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"O elevado nível de cancelamentos numa época tradicionalmente conhecida como balão de oxigénio para as empresas, com consequências graves para a estabilidade dos negócios, que se veem sem clientes e sem trabalhadores, são motivos mais do que suficientes para que haja novos apoios a fundo perdido para a tesouraria das empresas", reivindica a AHRESP.
Ana Jacinto, secretária-geral da AHRESP, dá conta do grave efeito que as medidas restritivas impostas pela pandemia tiveram no setor.
"Assim que foram anunciadas medidas logo no final de novembro as empresas sentiram logo cancelamentos, 88% das empresas de restauração e 83% das empresas de alojamento. Sendo que 47% das empresas de restauração e 42% das empresas de alojamento registaram cancelamentos em mais de metade das reservas que tinham confirmadas na época de Natal e fim de ano. Isto originou que 20% das empresas de alojamento e restauração tivessem registado quebras de faturação superiores a 50% no mês de dezembro, comparado com o mesmo mês em 2020", explicou à TSF Ana Jacinto.
Às perdas durante o Natal e o Ano Novo soma-se agora o peso dos aumentos de 2022, como a eletricidade, por exemplo, mas também o custo dos combustíveis e de matérias-primas que não param de subir. Por isso, a AHRESP reclama do Governo apoios imediatos e não admite que possam não acontecer já por causa das eleições.
"Isso não pode servir de desculpa para que esses apoios não cheguem às empresas. Este inquérito e os resultados são reveladores da situação dramática em que se encontram estes setores, não podemos esperar pelas eleições nem que venha um novo Governo e tome decisões. Tem de haver apoio imediato", acrescentou a secretária-geral da AHRESP.
Ouça as declarações de Ana Jacinto à TSF
A associação antecipa ainda que as subidas de preços em várias áreas previstas para este ano "terão enorme impacto nos negócios" deste setor, pedindo novamente, "já em janeiro de 2022, o reforço dos apoios a fundo perdido, de forma a compensar as perdas e para que se mantenham os negócios e os respetivos postos de trabalho".
A Covid-19 provocou 5.441.446 mortes em todo o mundo desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência France-Presse.
Em Portugal, desde março de 2020, morreram 19 mil pessoas e foram contabilizados 1.434.570 casos de infeção, segundo os últimos dados da Direção-Geral da Saúde.